segunda-feira, 22 de junho de 2009

NO CAIS DO PRIMEIRO AMOR



VENTO

O vento escreve
em minha pele
estranhas palavras:
Sou seu dicionário
quando ando sem rumo,
subo a montanha,
caminho na areia.

Até que você me encontre
e leia em mim
as sílabas do vento,
vago pelo deserto.

No cais do primeiro amor,ed. Larousse.

Tenho uma irmã, Evelyn kligerman, que é escultora e ceramista. Lá pelo começo dos anos setenta , abriguei em minha casa duas chilenas fugidas do regime de terror do General Pinochet:
Bárbara e sua mãe, a grande escultora Teresa Vicuña. Teresa viu o que minha irmã começava a fazer com o barro, suas primeiras experiências e se entusiasmou. Foi a primeira mestra . Logo Teresa foi para Paris e Evelyn partiu para o México para estudar na Unam, a Universidade de Belas Artes . Aí viveu um grande amor, mas não ficaram juntos. Agora, 30 anos depois, ele a reencontrou pela internet. Ele também é ceramista, fazem coisas bem parecidas, azulejos, painéis, revestimentos. Estão apaixonados outra vez. Ele está chegando esta semana do México para encontrá-la. A família inteira está vivendo com ela esta linda história de amor.
Evelyn ilustrou meu livro No Cais do primeiro Amor com azulejos de cerâmica. Para cada poema fabricou um azulejo. Depois , cada azulejo foi fotografado. Agora, por um tempo, trabalharão juntos em seu ateliê, em Teresópolis. O futuro está escrito no vento.

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