terça-feira, 21 de julho de 2009

TRANSFORMAÇÃO




RUA CARUARU



A minha primeira escola ficava na Rua Caruaru, no Grajau, onde passei minha infância. Talvez eu tivesse 3 anos. A babá me levava ou meu irmão, de bicicleta. Eu não gostava da escola. Vomitava na escola, todos os dias. Fiz os 3 primeiros anos do primário na E.M Francisco Manuel, escola pública. Fiz o último ano no Hertzlia, na Rua Maxwell e o ginásio no Colégio Hebreu Brasileiro, onde descobri que sabia escrever. Minhas redações eram lidas em voz alta e faziam sucesso. Em todas as escolas a disciplina era cruel e arbitrária, pairava um desconforto sobre todas as coisas e sempre me senti deslocada. Entre todos os professores apenas uma tocou meu coração com seu carinho e paciência: Rosa Hermann, acho que já não vive mais. Ela interagia comigo e fazia com que eu me sentisse única, especial e inteligente.



Leio um longo artigo publicado no El País, onde se coloca a questão: qual a papel do professor hoje? Na minha época o professor reinava soberano, sobre um pedestal, nos infundia um medo terrível e sabia tudo. Hoje os meninos e meninas lidam com a tecnologia muito melhor do que os professores e a informação e o conhecimento estão ao alcance de todos. O que fazer? Mudar a escola ou voltar ao passado, onde o aluno era punido e respeitava o professor por medo? A resposta para mim é clara: a escola vai mudar. O professor será aquele que orienta, conduz, faz o aluno descobrir seus talentos como fazia a professora Rosa comigo, ao me estimular. Cada ser humano tem um dom e às vezes, coisa terrível, uma vida inteira se passa sem que a pessoa descubra o seu dom. O professor(a) seria um descobridor de dons. Todas as matérias precisam interpenetrar-se, circular livremente umas dentro das outras e a literatura será como a estrela-guia. O professor hoje tem que achar o seu espaço, um novo espaço. E o aluno é agora um parceiro, nós todos, viajantes de um mundo em rápida transformação.

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