quarta-feira, 19 de agosto de 2009

NO MUNDO DA LUA



Vou inventar uma rua
onde se pinte e borde
se faça e aconteça
se cante e dance
se plantem corações
uma rua onde todos vivam
no mundo da lua

No mundo da lua, ed. Miguilim/Ibeppe

Transformar o ambiente em que vivemos, a rua, o bairro, a cidade, é tarefa das mais prazerosas. Na minha casa construimos um bosque onde plantamos corações. O vento sopra todo o tempo e balança as redes na varanda , convida os amigos. A casa está sempre perfumada, com cheiro de alecrim, pois todos os dias fazemos pão. Aqui fabricamos poesia diariamente e fazemos alquimia com as pessoas. Viver a vida ludicamente , como as crianças. Ontem fui ao mercado com minha neta Kira, ela levava uma bolsinha pendurada no carro da boneca e de repente parou, abriu a bolsa e tirou uma flor lá de dentro, toda murcha e amassada, me ofereceu a flor, toma vovó, para você! olha que flor linda. Fizemos um jardim na praia e logo o vizinho nos imitou e o vizinho do vizinho. Nosso bairro se chama Gravatá, que em tupi designa uma espécie de bromélia. Saboreio o nome , uma bromélia floresce em minha boca. Na esquina da nossa casa há um mercado, um bar, uma farmácia (a farmácia da Moisés, onde se pode comprar fiado e botar na conta), um ponto de ônibus. O bar coloca as cadeiras na calçada para que as pessoas se sentem para esperar o ônibus. Um gesto simples que aproxima as pessoas. Enquanto se espera, se conversa. Há uma academia de ginástica e uma lan house. Gatos e cachorros convivem amorosamente. A rua que desce na esquina do mercado leva o olhar até a lagoa. Bicicletas passam e nos acalmam. Aprendo com o zen budismo: cada momento é único e iluminado.

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