segunda-feira, 7 de setembro de 2009

LEJBUS KLIGERMAN

Meu pai escolheu a data de 7 de setembro para o seu nascimento. Explico: meu pai nunca soube em que dia nasceu. Assim, quando chegou ao Brasil escolheu o dia da independencia para festejar o seu aniversário. Não sabemos quantos anos teria se estivesse vivo pois existem contradições quanto ao ano do seu nascimento. Tenho um papel em mãos que me diz a data de entrada no Brasil: 25 de abril de 1930. O Consulado do Brasil forneceu o visto em Varsóvia em 3 de abril de 1930. Então a travessia durou uns vinte dias. Minha avó se chamava Chava e fico sabendo que residia em Denkow, distrito de Kielce e que nasceu em Zawichost em 1883. O documento que tenho em mãos a descreve: estatura mediana, rosto alongado, cabelo escuro, olhos azuis. Mas não fala dos seus sentimentos, do medo que deveria sentir na hora de embarcar . Eu a perdi muito cedo, não lembro da minha avó.
Meu pai traduziu seu nome para Luis e me deixou um legado imenso: amor, compaixão, curiosidade pelo outro, meu semelhante. Meu pai amava os escritores russos, música clássica, cinema, a vida. Era alegre e comunicativo, gestos largos, sorriso amplo. Meu pai era belo. Mas, às vezes era triste, arrastava as suas sombras . Hoje é o dia que escolheu para nascer. E nasce todos os dias dentro de mim.

Hoje é o aniversário do meu grande amigo Latuf que está em Belo Horizonte junto com sua família. Obrigada Latuf, por existir .

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