sábado, 19 de dezembro de 2009

CHAGALL

Minha paixão por Chagall vem de muito longe. Seu judaísmo melancólico faz parte da minha infância. Minha avó, que veio da Polônia, passava os dias rezando com um chale de renda sobre a cabeça e quando criança eu gostava de ajudá-la a preparar o shabatt. Em Chagall tudo voa e vamos juntos com ele pelos céus. Quando eu tinha 24 anos li um livro que foi como um terremoto: Luzes Acesas da Bella Chagall com bicos de pena do pintor. São cenas da sua infância e Bella nos conta o encontro dos dois. A escrita da Bella é magnífica e sem dúvida nenhuma Bella teria sido uma escritora imensa, mas morreu muito cedo e nos deixou apenas o que ela chamava de seus cadernos.
Agora acaba de sair no Brasil uma biografia do Chagall de Jackie Wullchlanger, pela editora Globo. Acabo de encomendar o livro com o coração disparado. Tudo o que fala de Chagall e de Bella me faz tremer de emoção, pois quando terminei de ler Luzes Acesas já tinha me apaixonado por ela irremediavelmente. Minha alma se reconheceu em sua alma e me sinto feita da mesma substância. Agora poderei ler a correspondência entre os dois quando estavam separados, são cartas inéditas, um tesouro. Estava precisando ler um livro assim, pois acabo de sair das páginas de La Noche de Los Tiempos de Antonio Muñoz Molina e estou me sentindo órfã. O livro é tão maravilhoso que me deixou ao mesmo tempo plena e vazia, já que não estou mais dentro dele.

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