Paro um minuto,
sou meu próprio cata-vento:
farejo a direção exata
para que me perca
em trilhas azuis e abstratas.
Busco tudo o que seja inútil;
uma canção inacabada,
um poema escrito à mão,
uma garrafa e sua mensagem
numa lingua ainda não decifrada.
Não quero acertos, quero erros,
um relâmpago e seu segredo.
O poema está no meu último livro Carteira de Identidade, ed. Lê. Antes de publicá-lo a editora tinha muitas dúvidas sobre o livro. Achava muito "adulto". Sugerí que ela desse o original para alguns jovens e ouvisse suas opiniões. Eles adoraram. E o livro, com ilustrações da Elvira Vigna, está andando bem. Já vendeu para dois projetos 4.500 exemplares. É muito difícil classificar poesia por faixa etária. A poesia quando é boa percorre todas as faixas, já vi livros que eu pensava que só seriam lidos por jovens , serem indicados para crianças bem pequenas. E vice-versa . A poesia, ainda bem, é um mistério.
quinta-feira, 26 de agosto de 2010
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É verdade. Folheando rapidamente o seu livro TODAS AS CORES DENTRO DO BRANCO, se tem a impressão de que ele, é voltado para crianças e adolescentes, mas não é não.
ResponderExcluirEu já estou muito longe de ser adolescente e gosto muito desse:
ESPERANÇA POUSADA NO UMBRAL DA PORTA
A manhã começa verde:
pulo da cama,
estendo os braços
para apagar os últimos
vestígios de um sonho,
mordo a maçã,
arrumo o mapa
do meu coração
e parto como um barco
de madeira antiga
para as surpresas do dia.
Pousada no umbral da porta,
a esperança me olha como folha verde na água,
como esmeralda encantada.
Você tem razão: poesia é um mistério. Ela nos faz navegar para o desconhecido.
Angela
ter você como leitora, Ângela, é um privilégio!
ResponderExcluirNada disso. Quem manda escrever coisas tão bonitas que fazem a gente sonhar?
ResponderExcluirAngela