segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

SILVIA PLATH

Vi o belo filme sobre Silvia Plath, a poeta que se matou em 1963, entrando para a galeria dos escritores suicidas: Ernest Hemingway, Virginia Woolf, Mayakóvski, Mishima, Ana Cristina César, Primo Levi... Não me identifico com a sua poesia, seus poemas são duros, me machucam, mas escolho um , o que mais gosto, do livro POEMAS, ed. Iluminuras:

Sorrio, um buda, tudo
quer, desejos
caem de mim como anéis
acariciando suas luzes.

A garra
da magnólia,
bêbada de seu próprio perfume,
nada quer da vida.

tradução: Rodrigo Garcia Lopes, Maurício Arruda Mendonça

BELO MONTE

Somente um chamado massivo da sociedade conseguirá convencer a Presidente Dilma Rousseff. Então vamos conseguir o máximo possível de assinaturas para que as nossas vozes surtam efeito quando a petição for entregue em Brasília. Divulgue, encaminhe o link abaixo:

http://www.avaaz.org/po/pare_belo_monte/97.php

Obrigado pela ajuda,

Ben, Graziela, Alice, Iain, Ben, Ricken, Milena e toda a equipe da Avaaz

PS. Aqui está o alerta original para você encaminhar para os seus amigos:

Caros amigos,

O Presidente do IBAMA se demitiu quarta-feira passada devido à pressão para autorizar a licença ambiental de um projeto que especialistas consideram um completo desastre ecológico: o Complexo Hidrelétrico de Belo Monte.
- Ocultar texto das mensagens anteriores -

A mega usina de Belo Monte iria cavar um buraco maior que o Canal do Panamá no coração da Amazônia, alagando uma área imensa de floresta e expulsando milhares de indígenas da região. As empresas que irão lucrar com a barragem estão tentando atropelar as leis ambientais para começar as obras em poucas semanas.

A mudança de Presidência do IBAMA poderá abrir caminho para a concessão da licença – ou, se nós nos manifestarmos urgentemente, poderá marcar uma virada nesta história. Vamos aproveitar a oportunidade para dar uma escolha para a Presidente Dilma no seu pouco tempo de Presidência: chegou a hora de colocar as pessoas e o planeta em primeiro lugar. Assine a petição de emergência para Dilma parar Belo Monte – ela será entregue em Brasília, vamos conseguir 300.000 assinaturas:

http://www.avaaz.org/po/pare_belo_monte/97.php

Abelardo Bayma Azevedo, que renunciou à Presidência do IBAMA, não é a primeira renúncia causada pela pressão para construir Belo Monte. Seu antecessor, Roberto Messias, também renunciou pelo mesmo motivo ano passado, e a própria Marina Silva também renunciou ao Ministério do Meio Ambiente por desafiar Belo Monte.

A Eletronorte, empresa que mais irá lucrar com Belo Monte, está demandando que o IBAMA libere a licença ambiental para começar as obras mesmo com o projeto apresentando graves irregularidades. Porém, em uma democracia, os interesses financeiros não podem passar por cima das proteções ambientais legais – ao menos não sem comprarem uma briga.

A hidrelétrica iria inundar pelo menos 400.000 hectares da floresta, impactar centenas de quilômetros do Rio Xingu e expulsar mais de 40.000 pessoas, incluindo comunidades indígenas de várias etnias que dependem do Xingu para sua sobrevivência. O projeto de R$30 bilhões é tão economicamente arriscado que o governo precisou usar fundos de pensão e financiamento público para pagar a maior parte do investimento. Apesar de ser a terceira maior hidrelétrica do mundo, ela seria a menos produtiva, gerando apenas 10% da sua capacidade no período da seca, de julho a outubro.

Os defensores da barragem justificam o projeto dizendo que ele irá suprir as demandas de energia do Brasil. Porém, uma fonte de energia muito maior, mais ecológica e barata está disponível: a eficiência energética. Um estudo do WWF demonstra que somente a eficiência poderia economizar o equivalente a 14 Belo Montes até 2020. Todos se beneficiariam de um planejamento genuinamente verde, ao invés de poucas empresas e empreiteiras. Porém, são as empreiteiras que contratam lobistas e tem força política – a não ser claro, que um número suficiente de nós da sociedade, nos dispormos a erguer nossas vozes e nos mobilizar.

A construção de Belo Monte pode começar ainda em fevereiro.O Ministro das Minas e Energia, Edson Lobão, diz que a próxima licença será aprovada em breve, portanto temos pouco tempo para parar Belo Monte antes que as escavadeiras comecem a trabalhar. Vamos desafiar a Dilma no seu primeiro mês na presidência, com um chamado ensurdecedor para ela fazer a coisa certa: parar Belo Monte, assine agora:

http://www.avaaz.org/po/pare_belo_monte/97.php

Acreditamos em um Brasil do futuro, que trará progresso nas negociações climáticas e que irá unir países do norte e do sul, se tornando um mediador de bom senso e esperança na política global. Agora, esta esperança será depositada na Presidente Dilma. Vamos desafiá-la a rejeitar Belo Monte e buscar um caminho melhor. Nós a convidamos a honrar esta oportunidade, criando um futuro para todos nos, desde as tribos do Xingu às crianças dos centros urbanos, o qual todos nós podemos ter orgulho.

Com esperança

Ben, Graziela, Alice, Ricken, Rewan e toda a equipe da Avaaz

domingo, 30 de janeiro de 2011

JILL BOLTE TAYLOR

Depois que vi a entrevista com a cientista Jill Bolte Taylor contando como se recuperou de um derrame e a experiência que vivenciou quando viveu apenas com o lado direito do cérebro, comprei seu livro. Só o encontrei num sebo. O livro se chama A Cientista Que Curou Seu Próprio Cérebro , ed. Ediouro. Eu o recomendo com entusiasmo.O livro me fortalece e confirma todas as minhas intuições, é um livro de cura. Leiam e depois me contem. Eu já havia lido um livro belíssimo , o relato do encontro do Dalai Lama com neurocientistas e pouco a pouco vou entendendo o quanto devemos ouvir a voz dos sentimentos limpos.

Leio hoje no jornal O Globo: "Quinze milhões de alunos estudam em escolas sem biblioteca no país". É muito triste.

sábado, 29 de janeiro de 2011

MEDITAÇÃO

Neste verão faço meditação na praia, bem cedinho, às 7hs. Não há quase ninguém, só um ou outro pescador. Foco a atenção na música do mar e aos poucos vou me distanciando de tudo. Quando volto para casa faço meditação no jardim. É como passar de um planeta para outro. Ouço os cachorros do vizinho, o galo, as galinhas, os bem-te-vis, todos os passarinhos, os carros na rua atrás da casa e aos poucos vou novamente me distanciando. Quando volto, o jardim está mais belo e mais brilhante. Minha vida é simples: medito, leio, escrevo, penso. Não entro em redes sociais , prefiro a comunicação com meus leitores pelo blog e pelo site. Uso o skype para ver meus filhos , meu neto, minha irmã. Saio de Saquarema apenas para ir ao médico, trabalhar ou para ir a Mauá ver o André, meu filho. Amo esta vida calma, toda 1950, mas bem ancorada no século XXI. Daqui acompanhamos o mundo. E acontecem coisas tão inesperadas: quem diria que um vento furioso de desejo de liberdade varreria o mundo islâmico derrubando ditaduras? O Egito treme e quem sabe em seguida venha o Irã? Fora do mundo islâmico não seria mau que o vento varresse também Cuba e Venezuela. Chegará o dia em que nenhum tirano conseguirá se manter no poder, pois a internet está mudando o mundo e funciona como uma pequena chama numa pilha de mato seco. Ontem o Egito bloqueou a internet, mas isso terá um efeito contrário ao que o poder deseja e será devastador.
Como a poesia é incompatível com a falta de liberdade e o pensamento único, torço pela poesia.

Vamos torcer para que a Presidente Dilma desista da construção da Usina de Belo Monte. Será um dos piores desastres ambientais do planeta , uma grande crueldade.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

DILMA ROUSSEFF E O HOLOCAUSTO

Ontem a Presidente Dilma fez um discurso de estadista na sede da Confederação Israelita do Brasil em Porto Alegre . O dia 27 de janeiro é o Dia Internacional Da Memória do Holocausto. Dilma falou que seu governo não irá compactuar com nenhuma forma de violação dos direitos humanos em qualquer país. Como o Irã nega o Holocausto e o extermínio de seis milhões de judeus e o Brasil estava alinhado com o Irã, temos uma mudança de rumo radical. Dilma é uma defensora da liberdade e da democracia. Dilma ressaltou que o Brasil não é uma terra de ódios ou de enfrentamentos, mas sim de paz e convivência. Então não vale jogar uns contra outros, pobres e ricos, negros e brancos, somos todos irmãos. O que precisamos é abrir o coração para o outro, deixar que nossas emoções positivas nos inundem, assim o Brasil continuará sendo uma terra de todos. Tenho muito orgulho da nossa Presidente. É uma imagem positiva a de uma Presidente que luta pela liberdade.

Ontem Luci, minha amiga de Teresópolis e Evelyn, minha irmã, levaram os 100 livros para as crianças desabrigadas que finalmente o correio entregou. Deram cada um nas mãos de uma criança.


Salve Rose!
Como vai? Por aqui vamos nos recuperando devagarinho do susto, mas não ainda das perdas de toda natureza e todo porte! Que desastre, minha querida! É inenarrável tanta dor e tanto sofrimento!
A cidade parece um pouco mais restabelecida, diminuíram os ruídos ensurdecedores dos helicópteros pelos céus de Terê, e o alarme desesperado das sirenes das ambulâncias, bombeiros, polícias, etc. Vontade e tempo de resgatar a normalidade.
Hj fui com Evelyn levar os livros que vc. ofereceu às crianças que sobreviveram ao desastre e estão alojadas nos abrigos. Percorremos três deles levando esta maravilha à elas que ficarm mais maravilhadas, ainda!! Que presente!!!! Pena vc. não estar junto conosco pra ver o brilho nos olhos diante de um presente tão especial! Um para cada uma! Que fartura pra quem nunca teve um!!!!!
É isso Rose, difícil avaliar, mas bonito ver tanta luz em meio a tempos tão difíceis! Obrigada, minha querida. Bj.,
Luci

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

SUPERAÇÃO

2010 foi um ano duro para mim, de grandes perdas. Minha mãe foi embora, Latuf, meu melhor amigo, foi embora e eu tive um câncer de mama. A minha tristeza era tão grande que não cabia em mim. Pouco a pouco fui me fortalecendo. Todos os dias converso com o Latuf, ouço sua voz que tinha um belíssimo timbre, vejo seus movimentos, ele andava dançando, ele sempre me dizia: - você, hein, só você mesmo. Ele me achava única e sempre me jogava para cima. Ontem, numa espécie de vigília, vi minha mãe, ela saiu da minha memória tão linda, ela se vestia magnificamente, havia sido estilista e para ela as roupas tinham vida. Sempre de chapeuzinho, parecia uma velha dama inglesa. cada dia que passa eu a compreendo mais. E agradeço, pois sempre me estimulou a fazer algumas loucuras. Ela já estava no ano 3000.
Então, todos os dias acordo e agradeço a beleza de Saquarema, estar viva, ter todos os que amo ao meu lado, os vivos e os mortos.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

JOINVILLE NO EL PAÍS

Quando Silvane,a diretora da E.M.Hermann Muller esteve em nossa casa, Juan sentou e ouviu Silvane contar toda a sua experiência desde o começo. Ela trouxe um álbum de fotografias que contavam toda a história da escola, a sua transformação. Juan ficou tão impressionado quanto eu que lá estive pessoalmente. E fez uma matéria para o El País. A sua crônica foi a segunda melhor avaliada de todo o jornal e agora outras escolas poderão se banhar na luminosa experiência de Silvane. Uma pequena escola rural em Santa Catarina se transforma em bússola .

Ontem, no final da tarde, vieram tomar um café aqui em casa Norman Gail, fundador e diretor do Instituto Braudel e sua mulher Catalina. Ele é americano e ela espanhola da Catalunha e escolheram o Brasil para viver. Ela faz um esplêndido trabalho com leitura que atinge milhares de jovens com seu Círculo de Leitura. Ela trabalha em parceria com Escolas, Secretarias de Educação e com a própria Fundação Braudel. São milhares de jovens leitores que Catalina está formando.

A partir da Tunísia parece que uma onda de liberdade varrerá o mundo islâmico. São novos ventos e a juventude terá um papel imenso nesta transformação. Que do islamismo prevaleça a sua face bela, de paz e poesia.


Brasil ensaya la alfabetización con flores y poesía

Una experiencia piloto se convierte en modelo de educación ecológica


La escuela municipal Hermann Müller, situada en un área rural de Joinville, en el Estado brasileño de Santa Catarina, se ha convertido en modelo de educación ecológica, con una experiencia piloto para alfabetizar a través de la naturaleza.

En el centro se utilizan métodos revolucionarios que nadie se atreve a criticar, porque los alumnos obtienen altas puntuaciones en los índices de comprensión de lectura y escritura.

La joven directora de la escuela, Silvane Aparecida da Silva, ha sabido conjugar con éxito educación infantil y medio ambiente con un método para alfabetizar a los niños, de procedencia campesina, con flores y poesía.

En un jardín plantado y cultivado por los alumnos bajo la dirección profesional de expertos jardineros, cada letra corresponde a una flor. Y en cada macizo de flores, los profesores cuelgan una poesía.

Este Jardín Encantado está construido con materiales procedentes de demoliciones. El alfabeto de las flores es un camino de piedra que desemboca en una miniatura de la casa de Monet.

Los niños aprenden matemáticas con la construcción de una zona para cultivar orquídeas, que devuelven a la naturaleza cuando llegan a su estado adulto. También cultivan flores y cuidan de la huerta, cuyos frutos van directamente a la cocina de la escuela.

Cuando Aparecida ocupó el cargo de directora de la escuela rural, en 2003, el centro estaba desprestigiado, con apenas 20 alumnos desmotivados que no conseguían aprender a escribir ni su propio nombre. Hoy, la escuela está abarrotada y los alumnos estudian todas las asignaturas a través de la naturaleza, que aprenden a amar, respetar y disfrutar.

Este proyecto innovador, que ha recibido el apoyo de la Secretaría de Educación, tiene el objetivo, como ha confirmado la directora de la escuela a EL PAÍS, de alfabetizar "en un clima de educación ambiental, conduciendo a los alumnos a la observación, la contemplación y el respeto a la naturaleza, experimentando e interiorizando su preservación".

Para los profesores, la finalidad de esta escuela piloto es "promover proyectos y vivencias a través de un aprendizaje dirigido a la ecología, la cultura y la afectividad".


Transformación

Da Silva se emociona cuando cuenta la transformación de los niños pobres, llegados del campo, ante la unión de naturaleza y poesía. "Es increíble cómo los niños entienden la poesía y consiguen transformar sus vidas con ella. Mejor que los adultos. A ellos no les dan miedo las imágenes y metáforas más osadas. Cuando leen, por ejemplo, el verso "aquí plantaremos árboles y sombras": para ellos plantar también sombras es algo normal. Su fantasía trabaja mejor que la de los adultos, a quienes la poesía suele crearles miedo porque desbarata sus seguridades. A los niños, no. Ellos están siempre abiertos a la paradoja y a lo inesperado".

Una particularidad y genialidad de la escuela de Joinville es la complicidad de los alumnos con sus padres y familiares, gente del campo. Da Silva cuenta cómo los niños, con su amor por los pájaros como símbolos de libertad, consiguen convencer a sus padres de que abran las jaulas para dejar libres a los pájaros y de que abandonen la caza, entregando las escopetas y trampas a la escuela.

"Los niños, cuando entienden y aman el lugar en que nacen, al crecer se vuelven ciudadanos comprometidos con el lugar de sus raíces", afirman los maestros.

Entre jardines, huertas y pájaros en libertad, los alumnos reflejan una alegría difícil de advertir en las severas escuelas formales. Una experiencia digna de reflexión en la compleja búsqueda de nuevas formas de enseñar.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

DESPEDIDA

Ontem nos despedimos dos hóspedes italianos do Luís, meu vizinho da pousada Farol de Saquarema. Fizemos um jantar e foi emocionante. Nossa mesa parecia a Torre de Babel: Jorg e Angelika, alemães. Jörg fala e entende português mas Angelika talvez uma oito palavras. Gianni e Mari, italianos que preferem que se fale em espanhol, entendem melhor que o português e Luis que não fala nem espanhol nem italiano, mas fala a lingua do amor. Mas todos falavam, os italianos gesticulavam, Juan pulava de uma lingua para outra e a comida aquecia os corações. Estava quase frio, um vento gelado, já que a temperatura do mar mudou. O cardápio foi a paella famosíssima do Juan que é tão pessoal que ele deu um toque baiano na sua paella: umas gotas de azeite de dendê. A paella se faz nas brasas da churrasqueira e o Juan não enxergava nada, não há luz na churrasqueira. Foi a melhor que o Juan já fez. Talvez porque não enxergasse , então teve que usar todos os sentidos. A mousse de maracujá da Vanda, nossa caseira, fez um sucesso danado.
Gianni e Mari voltam para Verona, cidade de Romeu e Julieta, onde moram e deixam um rastro de saudades. Jörg e Angelika felizmente moram bem perto e podemos nos ver sempre e Luís é nosso vizinho. Estar cercado de amigos é a melhor sensação do mundo.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

BUZIOS

Ontem fomos a Buzios almoçar com nosso amigo Andrès Cardó. Andrès é peruano casado com Inés,uma espanhola basca e viveu dez anos no Brasil. Em janeiro de 2010 foi morar na Espanha e deixou uma casa em Buzios e uma grande paixão pelo Brasil, mas volta de vez em quando para se alimentar. Eu perguntei: _ o que você sente em Buzios, Andrès ? E ele me disse: _ paz.
Andrès tem 3 filhas lindas e já estão adaptadas na Espanha mas dizem que as amigas de lá não são como as amigas brasileiras e às vezes choram de saudades. Não é fácil deixar o Brasil. Aqui é um dos únicos lugares do mundo onde convivem todas as religiôes, todos os diferentes com todos os iguais. Ou diferente é igual? Conhecí Buzios em 1971 quando nada ainda existia. Acampamos na Praia da Ferradurinha onde não havia nem uma casa. Mas a beleza de Buzios é estonteante embora a cidade tenha crescido sem nenhum cuidado ambiental. Condomínios brotam a cada instante retirando a mata nativa. Seria bom que de agora em diante se preocupassem em reservar espaços para a vegetação nativa. Vai ver que isso já existe e eu é que não tenho conhecimento. Enquanto almoçávamos com o belíssimo mar em frente, falamos com Inés, a mulher do Andrès, morta de frio em Madrid. Ela nos diz: _ ah, que inveja, como eu queria estar aí! Em maio estaremos os quatro juntos outra vez em Madrid. É uma belíssima amizade, estamos sempre juntos em pensamento. O Juan tem razão com seu livro 50 Motivos para Amar o Nosso Tempo: vivemos um tempo extraordinário, apenas uma noite nos separa do resto do mundo, a comunicação com todos aqueles que amamos é em tempo real. Quando meus pais eram jovens, para vir da Europa para o Brasil , eram muitos dias de navio. O mundo ficou pequeno. E é o único mundo que temos. Há que cuidar para que nosso mundo continue podendo ser a nossa casa.

sábado, 22 de janeiro de 2011

FÉRIAS

Fico feliz em saber que o Ministro de Educação não vai poder sair de férias deixando todo um caos para trás. Estou aplaudindo a Presidente Dilma! Um pouco de vergonha nesta Terra Brasilis, por favor! Que a Presidente continue firme enquadrando quem precisar ser enquadrado. Mas agora deveríamos sair gritando pelas ruas contra a pensão vitalícia dos ex-governadores. Em que país do mundo existe um descalabro deste tamanho? E eu que achava o Pedro Simon uma pessoa ética e ele também faz parte da turma ! Quantas bibliotecas se poderia construir com este dinheiro? Quantas casas? Quantos hospitais? Porque um ex governador precisa de uma pensão vitalícia de 24.000,00? Há alguma coisa no mundo que justifique este gasto de dinheiro público? Espero que me chegue às mãos algum manifesto para assinar porque estou revoltada e não sei como protestar.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

ABELHAS

Tenho um amigo que mora lá no final da montanha, em Visconde de Mauá, no Vale do Marimbondo. Somos amigos desde 1976. Ele era bancário e um dia resolveu mudar de vida. Abandonou a segurança, comprou um terreno e construiu sua casinha de madeira com as próprias mãos. Ele vive fora do sistema quase que totalmente. É bastante auto suficiente, planta o que come e o que não pode plantar compra com o dinheiro do mel das abelhas que cria. teve alguns casamentos, mas nenhuma das suas mulheres aguentou ficar num sítio tão isolado. Mas Salvador tem muitos amigos e não é um ermitão sério: é alegre, bem humorado, não perde uma festa, é um grande dançarino. Agora leio que as abelhas estão ameaçadas por pesticidas. Já até assinei um manifesto da Avaaz. Se as abelhas desaparecerem toda a cadeia alimentar do mundo estará ameaçada. O que estão fazendo os homens com o nosso mundo? Já sabemos que muitas mortes poderiam ter sido evitadas na Região Serrana. Por que os políticos não governam para o bem estar de todos? As previsões climáticas são terríveis e o próprio ex-prefeito de Friburgo que distribuiu terras em troca de votos morreu soterrado. Só podemos atuar no pequeno, então por favor, plantem árvores e que meu amigo possa continuar criando suas abelhas.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

O preço de não escutar a natureza

LEONARDO BOFF

O cataclisma ambiental, social e humano que se abateu sobre as três cidades serranas do Estado do Rio de Janeiro, Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo, na segunda semana de janeiro, com centenas de mortos, destruição de regiões inteiras e um incomensurável sofrimento dos que perderam familiares, casas e todos os haveres tem como causa mais imediata as chuvas torrenciais, próprias do verão, a configuração geofísica das montanhas, com pouca capa de solo sobre o qual cresce exuberante floresta subtropical, assentada sobre imensas rochas lisas que por causa da infiltração das águas e o peso da vegetação provocam frequentemente deslizamentos fatais.

Culpam-se pessoas que ocuparam áreas de risco, incriminam-se políticos corruptos que destribuíram terrenos perigosos a pobres, critica-se o poder público que se mostrou leniente e não fez obras de prevenção, por não serem visíveis e não angariarem votos. Nisso tudo há muita verdade. Mas nisso não reside a causa principal desta tragédia avassaladora.

A causa principal deriva do modo como costumamos tratar a natureza. Ela é generosa para conosco pois nos oferece tudo o que precisamos para viver. Mas nós, em contrapartida, a consideramos como um objeto qualquer, entregue ao nosso bel-prazer, sem nenhum sentido de responsabilidade pela sua preservação nem lhe damos alguma retribuição. Ao contrario, tratamo-la com violência, depredamo-la, arrancando tudo o que podemos dela para nosso benefício. E ainda a transformamos numa imensa lixeira de nossos dejetos.

Pior ainda: nós não conhecemos sua natureza e sua história. Somos analfabetos e ignorantes da história que se realizou nos nossos lugares no percurso de milhares e milhares de anos. Não nos preocupamos em conhecer a flora e a fauna, as montanhas, os rios, as paisagens, as pessoas significativas que ai viveram, artistas, poetas, governantes, sábios e construtores.

Somos, em grande parte, ainda devedores do espírito científico moderno que identifica a realidade com seus aspectos meramente materiais e mecanicistas sem incluir nela, a vida, a consciência e a comunhão íntima com as coisas que os poetas, músicos e artistas nos evocam em suas magníficas obras. O universo e a natureza possuem história. Ela está sendo contada pelas estrelas, pela Terra, pelo afloramento e elevação das montanhas, pelos animais, pelas florestas e pelos rios. Nossa tarefa é saber escutar e interpretar as mensagens que eles nos mandam. Os povos originários sabiam captar cada movimento das nuvens, o sentido dos ventos e sabiam quando vinham ou não trombas dágua. Chico Mendes com quem participei de longas penetrações na floresta amazônica do Acre sabia interpretar cada ruído da selva, ler sinais da passagem de onças nas folhas do chão e, com o ouvido colado ao chão, sabia a direção em que ia a manada de perigosos porcos selvagens. Nós desaprendemos tudo isso. Com o recurso das ciências lemos a história inscrita nas camadas de cada ser. Mas esse conhecimento não entrou nos currículos escolares nem se transformou em cultura geral. Antes, virou técnica para dominar a natureza e acumular.

No caso das cidades serranas: é natural que haja chuvas torrenciais no verão. Sempre podem ocorrer desmoronamentos de encostas. Sabemos que já se instalou o aquecimento global que torna os eventos extremos mais freqüentes e mais densos. Conhecemos os vales profundos e os riachos que correm neles. Mas não escutamos a mensagem que eles nos enviam que é: não construir casas nas encostas; não morar perto do rio e preservar zelosamente a mata ciliar. O rio possui dois leitos: um normal, menor, pelo qual fluem as águas correntes e outro maior que dá vazão às grandes águas das chuvas torrenciais. Nesta parte não se pode construir e morar.

Estamos pagando alto preço pelo nosso descaso e pela dizimação da mata atlântica que equilibrava o regime das chuvas. O que se impõe agora é escutar a natureza e fazer obras preventivas que respeitem o modo de ser de cada encosta, de cada vale e de cada rio.

Só controlamos a natureza na medida em que lhe obedecemos e soubermos escutar suas mensagens e ler seus sinais. Caso contrário teremos que contar com tragédias fatais evitáveis.

UMA HISTÓRIA DE AMOR

Evelyn, minha irmã, teve um grande amor no México, mas não ficaram juntos. Vinte e sete anos depois ele a procurou pela internet. Havia se separado e queria encontrá-la. Evelyn estava separada também. Foi uma longa correspondência até a sua chegada. Ele veio em 2009 e não podia ficar no Brasil. Agora volta para ficar seis meses, chega dia 28. Infelizmente chega num momento tão triste, pois ela vive em Teresópolis. Sua família no México nem queria que ele viesse, mas o amor é mais forte. A história deles é curiosa: ele é ceramista e ao longo dos quase trinta anos em que nada sabiam da existência um do outro, eles faziam as mesmas coisas: murais, oficinas, trabalhos em comunidades. Agora vão juntar as forças. A cerâmica do Luis é muito diferente da cerâmica da Evelyn. Vamos ver o que vai sair deste entrelaçamento.

Dia 5 de fevereiro é o nosso almoço do Clube de Leitura. Discutiremos o livro do Vargas Llosa, As Travessuras da Menina Má, é uma história de amor e Evelyn e Luis estarão presentes. Juan já leu o livro duas vezes . Acho que será um dia inesquecível.

Ontem fomos jantar no Hotel Fazenda Serra Castelhana com Gianni e Mari, os hóspedes italianos do Luis. Vimos a lua cheia brotar, imensa e amarela, de dentro da mata. Eles quase enlouqueceram com tanta beleza. Juan diz que a fazenda é autêntica. Eu tenho minhas dúvidas.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

POÇOS DE CALDAS

Meu vizinho Luis tem uma Pousada. Um casal de italianos veio para ficar 5 dias e prorrogou a estadia por mais 5, e agora acabam de prorrogar por mais 5! Uma senhora telefona para a Pousada que se chama Farol de Saquarema e fica ao lado da minha casa e o Luis pergunta como ela achou a Pousada. Ela responde: _ Através do blog da Roseana Murray! E ela só quer vir quando eu estiver aqui, para me conhecer. Fico feliz, estou trazendo hóspedes para Saquarema.
Hoje convidamos seus hóspedes italianos para passear. e se eles aceitarem iremos ao Hotel Fazenda Serra Castelhana. O Hotel é uma fazenda falsa, (fica em Palmital, zona rural de Saquarema) mas lindíssima. A casa foi construída com material de demolição e você jura que é autêntica. Hoje há um jantar dançante e é muito divertido, tomara que eles aceitem. Se aceitarem, amanhã eu conto tudo. Não temos carro e para ir longe só de carona mesmo.

Levei os 100 livros ao correio para que cheguem a Teresópolis e Evelyn possa levá-los ao Estádio onde estão muitos desabrigados e muitas crianças. No correio disseram que está interrompido o fluxo de correspondência para Teresópolis. Mas os livros já estão na fila, aguardando a saída.
Emociona o grau de solidariedade das pessoas.

LÁ VEM O LUIS

A ed. Leya me pediu um texto e eu não tinha quase nada: tinha uma idéia. Ela insistiu. Então , a partir da idéia e dos 3 poemas que escreví para o Luis, fiz um texto que achei bastante bom, "Lá Vem O Luis" desde o momento da fecundação até a velhice. Indiquei o Caó, ilustrador que adoro por seu humor e lirismo, mas eles não aceitaram e pelo contrato não posso escolher o ilustrador. Entâo eles escolheram um ilustrador espanhol que vive em Barcelona e o desenho gráfico também será de outro espanhol, o que afinal é uma coincidência, pois o Luis é espanhol. O livro já está quase no forno, porque eles tinham pressa. Hoje, na casa do Luis, em Granada, estão todos muito muito gripados, parece um hospital e estou preocupada. Já se sabe que na Europa não existe a nossa solidariedade, não é fácil conseguir ajuda, então me sinto impotente. Aqui no Brasil até o vizinho dá uma força. Filho longe é assim, a gente não pode ajudar.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

CULTURA EM SAQUAREMA

Conhecí Telma Cavalcanti em 2003 mais ou menos. Telma é pintora e estava sempre em movimento, na sua bicicleta, para lá e para cá, uma linda figura. Sempre participando de todos as Feiras Culturais de Saquarema . Agora Telma quer criar um grupo mais atuante para trazer cultura para Saquarema: música, exposições, festivais, etc. Saquarema sente falta de uma política cultural. Um belo concerto na escadaria da Igreja, um concerto de música antiga dentro da Igreja, uma exposição que faça a lagoa vibrar, etc. Quem estiver interessado em participar pode comparecer dia 25 de janeiro às 19hs ao Salão Paroquial na frente da agência dos Correios.

Há uma exposição sobre a Cora Coralina no CCBB. Eu a vi em São Paulo no Museu da Lingua. Quem puder, não perca, é belíssima. Cora emociona, a sua poesia , tão simples e maravilhosa, a sua doce e forte figura.

Depois que me revoltei com a risada dos Ministros na primeira reunião com a Presidente e recebí muitas críticas , quero dizer que estou muito feliz com as medidas que o governo está tomando. São cinco milhões de pessoas vivendo em áreas de risco intenso e pela primeira vez um Presidente, neste caso, uma Presidente irá tomar medidas concretas. Basta comparar o número de mortos na tragédia da Austrália e o número de mortos na nossa Região Serrana. É como se o Brasil fosse o Haiti. Quero dizer também que parece que o Brasil pela primeira vez irá encarar de frente seus grandes desafios, e isto é um alento. Torço muito pela Presidente, que ela consiga mudar o Brasil, já era tempo. Torço para que a tragédia e seus quase 700 mortos seja um alerta para as questões ambientais. Em primeiro lugar a vida. Que a Presidente reveja suas posições em obras polêmicas que podem provocar grandes tragédias. Finalmente, hoje tive a idéia de doar livros para as crianças desabrigadas e vou mandar uns 100 livros para Teresópolis .

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

VISITA INESPERADA

Ontem, no final da tarde, nossos vizinhos , donos da Pousada Farol de Saquarema, troxeram um casal de italianos para conversar com o Juan. Ele é dentista em Verona. Acabaram ficando, ficando e afinal oferecí uma pasta ao alho e óleo com camarões. Eles aceitaram. Enquanto ele falava animadamente, ela foi correndo até a Pousada (que é ao lado da minha casa) e nos trouxe um bom pedaço de queijo parmesão legítimo, o melhor do mundo. O interessante é que eles não viajam sem um pedaço de queijo na bagagem! Meu macarrão foi elogiado e fiquei feliz, afinal oferecer uma pasta para italianos é muita ousadia. Era uma mesa linda, já que o Frei José fala italiano. Eles queriam saber tudo sobre a vida de um frei e até o salário! Falando em comida , meu filho André que tem um restaurante e uma escola de cozinha em Resende está oferecendo um curso lindo, de apenas um dia: cinema e gastronomia. Os interessados podem ligar para: 24 99998121 ; 24 33545936. É um programa e tanto, pois a dinâmica da aula é emocionante e depois todos jantam o que foi feito na cozinha. Vale a pena ir a Resende, fazer o curso e dormir em Penedo que é bem pertinho.

Silvane foi embora, mas me disse que como vou virar uma flor (hemerocalis) em 2012, terei que voltar a Joinville. Deixa muitas saudades.

domingo, 16 de janeiro de 2011

JOINVILLE NA MINHA CASA

Silvane, diretora da E.M Hermann Muller chegou ontem na hora do almoço com seu tio, o Frei José. Vieram de Petrópolis onde Silvane está fazendo uma pós graduação em educação, espiritualidade e ecologia. Silvane me trouxe um livro lindo sobre Joinville com fotos e poemas maravilhosos sobre o silêncio e a luz, presente do Marcos, Secretário de Educação de Joinville, que faz um trabalho excepcional junto com a Rosânia, chefe da divisão de ensino. Cláudia e Iara, também da Secretaria de Educação, me mandaram o livro Tempo de Educar. É uma equipe absolutamente incrível.
Hoje fomos passear. Até o final da lagoa, onde tem o Bar do Pitico, é o lugar mais lindo de Saquarema. Até o sítio dos nossos amigos alemães que trocaram a Floresta Negra por Saquarema. Almoçamos no Marisco, restaurante bem popular, depois tomamos café na Pousada Maassai , onde encontramos o ex prefeito Peres, que fez um trabalho de educação maravilhoso nas suas duas gestões. Para fechar fomos à Igreja N.S.de Nazareth, que está linda e a vista deslumbrante deixa qualquer um sem fôlego. Agora chegamos e nosso vizinho que tem uma pousada nos traz um casal de hóspedes italianos de Verona que vieram buscar um livro autografado do Juan, já que conheciam o Juan de nome.
Silvane tomou grandes decisões em Saquarema: vai escrever um livro sobre a sua experiência com educação e poesia. Visitem o blog da sua escola: http://www.escolahermannmuller.blogspot.com/

Finalmente decretaram luto oficial. Finalmente o exército entrou para salvar vidas.

sábado, 15 de janeiro de 2011

E OS PODEROSOS RIEM

Ontem vi cenas dantescas de abandono e desespero. mortos e vivos entrelaçados esperando o resgate, comunidades ainda isoladas, sem água, sem comida. O que vemos é o povo se ajudando, trabalhando. O Estado com uma presença precária que já chama a atenção do mundo. Faltam helicópteros, faltam equipes de resgate, falta tudo. Onde está o exército ? Não onde deveria estar, ajudando as pessoas. Para que temos um exército? Se não policiamos as fronteiras por onde chegam armas e drogas e se o exército não está ajudando as pessoas isoladas, para que serve? Mas vimos cenas de Brasília: na reunião ministerial a Presidente ri, os ministros riem, há uma gargalhada geral.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

DE AGORA EM DIANTE

De agora em diante que os governos realmente cuidem do que é preciso, dar segurança para as pessoas, não deixar construir em áreas de risco. Mas ao mesmo tempo as pessoas precisam morar, então é preciso construir casas populares em lugares seguros. Nunca se viu uma tragédia desta dimensão mas os cientistas nos dizem que a partir de agora a natureza não terá meias medidas. Sabemos que o aquecimento global é uma realidade. Na verdade estou tão triste e com o coração tão pesado, que não sei o que dizer. Nenhuma palavra ou frase dá conta do que sinto. São tantas e tantas mortes que poderiam ter sido evitadas e não foram porque os governos só pensam na política miúda, na contagem dos votos. Há no ser humano esta divisão terrível: metade anjo, metade diabo. Há a solidariedade imensa e há os que saqueiam. Raros os políticos que realmente se preocupam com o bem estar e a segurança dos que os escolheram. Quem sabe esta tragédia seja um divisor de águas e de agora em diante ...

Soube agora que meu sobrinho Claudio Kligerman conseguiu um caminhão emprestado, fez um mutirão de amigos, encheram o caminhão com fogões , colchonetes , etc e ele foi até Itaipava levar. Fiquei orgulhosa e eu aqui em Saquarema sem saber o que faço para ajudar.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

TRISTEZA

Não tenho palavras. Só tristeza por tantas mortes que poderiam ter sido evitadas.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

EVELYN

Os amigos da Evelyn, os que a conheceram aqui em casa nos almoços do Clube de Leitura, podem ficar tranquilos, pois seu bairro, a Cascata dos Amores, não foi afetado. Ela está sem luz e com um certo medo e todos estamos muito tristes com a tragédia. São muitos mortos. É muita dor.

RETRATOS

Meu livro Retratos será reeditado. O livro é um álbum de retratos e na época em que foi feito a Editora Miguilim entregou o livro para uma turma da Faculdade de Comunicação. Eles fizeram um álbum daqueles de antigamente, com fotos amareladas e antigas e só vi o livro pronto. Quando recebí o livro fiquei confusa, entre feliz e triste, pois a editora não usou nenhuma foto da minha família. E durante anos eu ouvia a mesma pergunta: _ As fotos são da sua família?
Agora o livro será refeito com as fotos da minha família e buscamos as fotos, esparsas por muitas casas e baús. Estou radiante, pois é uma homenagem que faço aos meus pais. O mundo dos meus pais não existe mais e as fotos trazem um sopro deste mundo outra vez.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

PAULO COELHO E O IRÃ

Conhecí Paulo Coelho em 1998 quando Juan Arias me levou junto para as entrevistas em seu apartamento em Copacabana . O livro que resultou destes encontros foi um sucesso total: Confissões de Um Peregrino, ed. Objetiva e está traduzido para muitas e muitas linguas. O livro é belo e comovente assim como foi comovente a maneira com que Paulo nos recebeu. Naquela época a internet estava em seus primórdios e as pessoas ainda escreviam cartas. Paulo nos mostrou as centenas de cartas que recebia por semana. As pessoas pediam as coisas mais variadas e ele nos contou que escolhia algumas cartas aleatoriamente e atendia os desejos dos leitores. No final de uma semana de encontros ele me perguntou o que eu queria, podia pedir qualquer coisa e eu disse que não queria nada. Ele me estimulou a fazer um site , a melhorar a relação com meus leitores com um contato mais direto.Ele é uma pessoa doce e generosa. No seu apartamento em Copacabana havia uma foto imensa e linda de um beduíno lendo O Alquimista no deserto. Muitos anos depois, quando publiquei o meu Manual da Delicadeza, escreví para ele pedindo que me desse uma força na sua coluna, já que ele havia dito naquela ocasião que eu podia pedir qualquer coisa. Ele publicou um poema do livro e ainda me fez um elogio maravilhoso. Sou muito muito grata.
Ontem soubemos que seus livros foram banidos do Irã. Paulo acha que foi porque ele ajudou seu editor a fugir do Irã por ocasião dos protestos, já que seu editor é médico e ajudou uma estudante que foi baleada e logo começaram a persegui-lo. Eu acho que é porque os livros do Paulo falam de liberdade e de sonhos. O Irã se confirma como um dos piores países do mundo. Hoje mesmo saiu uma lei proibindo às mulheres o uso de tatuagens e unhas compridas! É uma vergonha que o Brasil tenha o Irã como país amigo e realmente acho que a proibição dos livros do Paulo Coelho é um assunto diplomático. Sendo o único escritor ocidental publicado no Irã e brasileiro, o Irã deve explicações ao Brasil

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

LUZ , LÁGRIMAS E ETA

Sou apaixonada pela qualidade da luz. Mesmo em dias sombrios, a luz me fascina, quando põe sombras nas coisas e derrama crepúsculo pela manhã. Hoje a luz de Saquarema era tão intensa que parecia que o mar explodiria.

Cientistas descobrem que as lágrimas femininas fazem com que os homens percam o desejo, já que possuem uma substância que atua no cérebro masculino como inibidor da libido. Reviro a questão por muitos lados e não compreendo muito bem. Será que é porque o homem se enternece e o desejo masculino pressupõe alguma agressividade?

Acabo de ler que ETA se compromete em cessar as atividades terroristas na Espanha.

Em Joinville ganhei um livro da poeta Rita de Cássia Alves :

RASTROS INTIMISTAS

Tenho espaços
de seiva,
de mato.

a fecundar serenos.

No caracol,
o particular
me movimenta.

Ouso a solidão

que rasteja.

Rita de Cássia Alves, in Pele Submersa, ed. da UFSC

Gosto da identificação da mulher com o caracol que conhece as entranhas da terra.

sábado, 8 de janeiro de 2011

EM ALGUMA PARTE ALGUMA

Sou uma leitora de poesia. E ontem li o melhor livro de poesia da minha vida : EM ALGUMA PARTE ALGUMA, do Ferreira Gullar. O livro é uma explosão cósmica dentro da gente. Comecei a escrever poesia a partir do Poema Sujo do Gullar, foi só então que encontrei minha voz. Pois bem, é como se Em Alguma Parte Alguma fosse ao encontro do Poema Sujo, e os dois juntos explodissem o universo.

A ÁGUA

esta água que bebes
como vida
e fresca te ilumina a garganta

esta água
feito líquida luz
a propagar-se em teu corpo

é rara no cosmo
_ certamente pelo menos no sistema solar _
é rara
e sua ausência
torna mortos os planetas
que são esferas de gás ou
quase sem cores

a água inunda de azul nosso planeta
desponta verde nas folhas
vermelha ou amarela nas pétalas
das flores

a água
surgiu tardia no universo
quando o furor
inicial
da matéria se aplacou
e deu vez
a coisas mais sutis
que apareceram
como os tecidos vivos
as lentes de nossos olhos
os sonhos e os pensamentos
que em última instância
da água nasceram

Ferreira Gullar, in Em Alguma Parte Alguma, ed. José Olympio

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

SILÊNCIO

Hoje acordo muito cedo. Ainda não amanheceu. Amo o silêncio. Apenas o som do mar e o vento embrulham a casa . Os barulhos da natureza fazem parte da trama do silêncio, não o arranham, mas o constituem. Uma linda mariposa, resquício da noite, esvoaça em torno da luz. Abro a janela para que ela saia. O galo do vizinho canta.

EVOCAÇÃO

O silêncio habitava
o corredor de entrada
de uma meia morada
na rua das Hortas.

O silêncio era frio
no chão de ladrilhos
e branco de cal
nas paredes altas.

Enquanto lá fora
o sol escaldava
Para além da porta
na sala nos quartos
o silêncio cheirava
àquela família

e na cristaleira
(onde a luz
se excedia)
cintilava extremo:
quase se partia.

Ferreira Gullar, in Muitas Vozes, ed. José Olympio

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

ANO INTERNACIONAL DAS FLORETAS

A ONU declarou 20011 como o Ano Internacional das Florestas. Esta é uma notícia maravilhosa. A ONU pretende sensibilizar os países para a preservação como medida importantíssima para o planeta.No Brasil ainda desmatamos MUITO. Não se pode avançar sobre as florestas para criar gado e plantar. Eu colaboro com o planeta não comendo carne e já plantei muitas árvores na minha vida. Quando compramos o sítio em Visconde de Mauá na década de 70, era um pasto. Hoje o sítio possui uma floresta fechada. Que cada um faça a sua parte no pequeno e que os países façam a sua parte numa dimensão maior. Não há saída: ou preservamos as florestas e reflorestamos para repor o que foi retirado, ou desapareceremos, a Terra virará um grande deserto.

TRANSFORMAÇÃO

Fabrico uma árvore
com uma simples semente,
terra escura e quieta,
umas gotas de água.

Pouco a pouco,
de lua em lua,
de folha em folha,
enquanto o tempo
desenha arabescos
em meu rosto,
minha árvore se transforma
em poema vivo,
suas letras são flores,
são frutos, são música.

in Fábrica de Poesia, ed. Scipione

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

UMA CARTA PARA DEUS

Um dia, Juan Arias escreveu um belo conto para crianças: Uma Carta para Deus. Traduzí e quando terminei a tradução a editora Paulinas me telefonou pedindo um texto. Eu não tinha e então oferecí o conto do Juan. Adoraram e publicaram. Agora o livro está sendo "traduzido" para o português de Portugal e sairá do outro lado do mar. Ficamos radiantes. O livro é uma carta que um menino escreve para Deus. Não há nenhuma resposta no livro. Apenas perguntas, já que Deus é uma pergunta:

Querido Deus:
Em casa dizem que sou um menino curioso. E sou mesmo! Por isso, gostaria de saber onde é que você se encontra. Todos dizem "Deus te abençoe!" . Mas onde é que você se esconde?
Pergunto aos adultos e me dizem que você está no céu. É muito longe para mim! Se a lua já me parece distante, imagina o céu, que no mínimo, deve estar atrás das estrelas. Outros me dizem que devo buscar dentro de mim. Mas isso não é perto demais? Em algum lugar você tem que estar. A quem devo perguntar?

in Uma Carta para Deus, Juan Arias, ed. Paulinas

Vi um programa sobre o hemisfério direito do cérebro, muito pouco usado, onde se encontra a nossa sensação de pertencimento ao universo, a nossa espiritualidade, os "bons sentimentos", digamos assim. Fascinante. Usamos muito pouco o lado direito do cérebro. O lado esquerdo, todo o nosso racional, é quem manda. E se fosse o contrário?

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

KIRA

Minha neta Kira, filha da Maya, filha do Juan, meu marido, vive em Barcelona. Nos falamos pelo skype. Ela tem 5 anos e é muito engraçada. Kira virá em agosto e perguntamos o que queria de presente. Ela ficou pensando, pensando e disse: _ Vocês vão ter que adivinhar. E nós recrutamos: _ Mas como vamos adivinhar, Kira? E ela: _ Adivinhando!!!
Kira virou livro e ela adora. Outro dia levou o livro para a escola e falou que foi sua avó quem escreveu. Fez tanto sucesso que na volta ela perguntou para a mãe: _ Foi a vovó mesmo quem fez o livro Kira? e a Maya respondeu: _ Claro que foi a vovó. E a Kira: _ A vovó é tão boa, não é mamãe?
Perguntamos para Kira quantas linguas ela fala. Ela diz: _Falo espanhol, inglês, catalão e um pouquinho de português. Perguntamos: _ E o que você fala de português? Kira responde: _ Vovô e vovó!

Abro o livro Veneno Antimonotonia da ed. Objetiva e leio:

Minha ideologia é o nascer de cada dia
E minha religião é a luz na escuridão

Gilberto Gil

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

FELICIDADES

Recebemos um belo cartão de Pilar del Rio, mulher de José Saramago. Reproduzo aqui a carta e explico: Pilar fala dos artigos do Juan no El País sobre as eleições. O cartão que é um pedaço do discurso do Saramago, na entrega do Prêmio Nobel, ainda não conseguí colar aqui, mas até o final do dia acho que com a ajuda do Gabriel que cuida do meu site eu vou conseguir.
Queridos,
Estoy siguiendo con emoción lo que va pasando, Juan, qué bien lo
describes. He pedido que en cuanto amanezca alguien de la Fundación lo
coloque en la página. No las noticias, sino tus crónicas.
Besos para los dos y los mejores deseos para este año. Que no puede
ser peor, no para mí, desde luego.
Os mando la felicitación de este año, que no sé si ya la envié o no,
pero como son buenas palabras... Y en la página hay una sonrisa de
José para nosotros, los amigos. Entrad y la veréis...
Os supongo juntos y añorando a los nietos. Dios, cómo se pasa el
tiempo, hace tres días y todavía estábamos enamorando...
Besos y os dejo con José.


domingo, 2 de janeiro de 2011

EM ESPANHOL

Gosto de abrir um livro de poemas ao acaso. Já falei aqui no blog o quanto amo a poesia do Borges, imensa, filosófica, musical. Mas há que ler Borges em espanhol. O Brasil é um país cercado de lingua espanhola por todos os lados deveríamos ser bilingues, é tão fácil aprender espanhol! Há uma lei aprovada e sancionada pelo ex-presidente Lula tornando o espanhol matéria obrigatória nas escolas, mas não vejo isso acontecendo. Uma criança aprende uma lingua brincando e é um desperdício não aproveitar a aptidão das crianças para as linguas. Mas se você que está lendo meu blog nunca estudou espanhol, busque um curso real ou virtual , é uma lingua lindíssima , ao alcance de todos.

TANKAS

1

Alto en la cumbre
todo el jardin es luna,
luna de oro.
Más precioso es el roce
de tu boca en la sombra.

2

La voz del ave
que la penumbra esconde
ha enmudecido.
Andas por tu jardín.
Algo, lo sé, te falta.

5

Triste la lluvia
que sobre el mármol cae,
triste ser tierra.
Triste no ser los dias
del hombre, el sueño, el alba.

Jorge Luis Borges, Antologia Poética, Alianza Editorial

Acabo de saber, em primeira mão, que a Presidente Dilma Rousseff prometeu hoje de manhã ao Príncipe Felipe , herdeiro do trono da Espanha, fazer do Brasil um país bilingue ,português-espanhol.

sábado, 1 de janeiro de 2011

MULHERES

Inauguramos 2011 com uma mulher Presidente. Espero que todas as mulheres sejam beneficiadas e que comece a haver igualdade de fato entre homens e mulheres. Enquanto escrevo ouço seu discurso no Congresso Nacional: se Dilma Roussef cumprir tudo o que promete neste momento, o Brasil será um país melhor. Ela reafirma seu compromisso com a liberdade de imprensa e esta é talvez a mais importante de suas promessas, pois não existe democracia com imprensa vigiada. Ela promete ser a Presidente de todos os brasileiros e isso não é pouco, o Brasil não pode ter um único pensamento, há que respeitar os que discordam, há que respeitar a dissonância. Ela promete acabar com a miséria: assim seja. Enfim, estou com muita esperança.

O Brasil hoje talvez seja o país mais interessante do mundo, pois abriga todas as religiões, todas as diferenças amorosamente. Que continuemos assim.