quarta-feira, 31 de agosto de 2011

A VASSOURA DA BRUXA BOA

Ao lado do fogão de lenha, na varanda, tenho uma vassoura de bruxa e no cabo um ramalhete de flores. Kira, minha netinha, brincava com a vassoura feliz da vida. Ela me diz: vovó, sou a bruxa boa das flores. Recolho flores para dar de presente para todo mundo. A bruxa má não existe porque quando ela aparece eu jogo água nela e aí ela desaparece!!!
A idéia é linda e quem dera as pessoas más desaparecessem com água!

Evelyn, minha irmã ceramista, me presenteou com um haicai de barro. São três placas de cerâmica e um poema (um haicai do meu livro "arabescos no vento"), também numa placa de cerâmica. Ontem escolhemos o lugar: ao lado do fogão de lenha e ficou lindíssimo. O fogão de lenha é o meu cantinho da montanha no mar e um dos meus lugares preferidos na casa.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

POEMA ENCOMENDADO

Monica Reis, uma professora de primeira série me escreve contando que seus aluninhos amam meus poemas e estão lendo o livro Pêra, Uva ou Maçã? e que farão um sarau. Ela me pede, por favor, que eu faça um poema para seus alunos. O pedido foi tão cativante que fiz e se alguma professora estiver lendo o blog pode aproveitar o poema trocando o nome da Monica pelo seu próprio nome:

A turma da Professora
Monica
equilibra a poesia
na ponta da lingua,
na ponta do pé,
lé com lé
cré com cré,
lá vão todos pelo céu,
lá vão todos pelo mar,
a turma da Professora
Monica
sabe mesmo viajar,
de barco encantado,
de nuvem prateada,
de poema dourado.



Falando em dourado , hoje o dia está mais do que dourado. Há uma cor maravilhosa envolvendo o dia e patos selvagens cruzam o céu, agitadíssimos. Deve haver alguma reunião de patos em algum lugar da lagoa.
Acendí o fogão de lenha hoje bem cedo, pois na hora de fazer o café, havia acabado o gás. O cheiro da lenha perfuma a casa. Faço um caldo de legumes para o almoço. Meu filho André me telefona e conta que é o primeiro dia depois da sua operação em que acorda sem dor.Filho sem dor é um bálsamo.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

ALMOÇO EM AGOSTO

Vi um filme italiano delicioso, Almoço em Agosto. É tanta ternura que quando o filme acaba queremos ver de novo: um solteirão desempregado que vive com sua mãe em Roma, no calor de agosto, tem que hospedar algumas velhinhas no pequeno apartamento. E mais não conto, só mesmo vendo o filme.

E a estadia da Maya, filha do Juan e Kira, nossa netinha, entra em sua última semana. A vida desliza, la nave va. Não nos despediremos, pois sábado irei para a Parnaíba , no Piauí e segunda-feira, quando chegar ao Galeão, elas terão partido.

Hoje recebí uma das cartas mais impressionantes da minha vida: uma professora de teatro me conta que trabalha com ex dependentes químicos, adolescentes , e que na roda de conversa ela perguntou se alguém se lembrava de alguma manifestação artística que tivesse passado por sua vida. Então uma mocinha se levantou e em posição de bailarina recitou o meu poema A Bailarina e no final disse meu nome.Que um jovem no meio de suas trevas internas tenha guardado meu poema como luz, é algo que emociona muito:

Olá Roseana: Sou professora de teatro em uma clinica para dependentes químicos e lá trabalho com meninas de 11 a 17 anos, comecei esse trabalho com muito receio, pois são garotas que nunca tiveram contato com nem um tipo de arte ou educação, mas como venho desse meio também coloquei a armadura e fui para batalha diária. Roseana, no terceiro encontro eu fui surpreendida com uma das garotas, quando fiz a roda de conversa e perguntei se elas se lembravam de alguma manifestação artística que tenha passado pela sua vida, essa garota falou eu só lembro-me de um poema que li na 5ª série é assim... A bailarina... Roseana, quando olhei ela estava em posição e recitando seu poema com lagrimas nos olhos e orgulhosa por saber que a única coisa boa que ficou do seu ultimo encontro com a escola foi aprender o seu poema e no final ela falou a autora é Roseana Murray! Olha... Eu fiquei tão feliz e pensei! A autora precisa saber disso! Precisa saber que uma linda garota entre suas dificuldades de vicio de crack e problemas com a família tem no seu coração um poema lindo e forte como esse A bailarina! Obrigada por me permitir esta situação! Obrigada por me ajudar nessa guerra! Agora seus escritos fazem parte das minhas aulas, fazem parte da minha armadura!

sábado, 27 de agosto de 2011

UM POMBO E UM MENINO

Acabo de ler um belo livro, O Pombo e um Menino, do escritor israelense Meir Shalev. Um pouco antes da guerra da independência de Israel , os pombos correio funcionavam como os nossos e-mails, só que tinham sangue e vida e cada viagem era um risco.As mensagens tinham que ser ainda mais breves do que um twitter e podiam salvar milhares de pessoas. Uma bela história de amor voa junto com os pombos.

Recomeço a ler Dois Irmãos , do Milton Hatoum, para o nosso encontro do Clube de Leitura , no dia 1 de outubro. O livro é maravilhoso, a sua escrita é abundante, vegetal, e nos traz uma história que existe desde a fundação do mundo.

Hoje as nuvens fabricam uma luz filtrada, entre o cinza e o azul, mergulho suavemente nesta luz para construir meu dia.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

VOLTA DE PASSO FUNDO

A Jornada Literária de Passo Fundo teve dois lados para mim: um bastante agradável de reencontrar amigos e fazer novos afetos e outro muito difícil, por ter que fazer uma atividade nada prazeirosa de passar meia hora , na verdade quinze minutos, pois dividia o tempo com Caio Ritter, com 500 crianças numa tenda de lona , com frio e muito barulho, o barulho das outras tendas penetrava na nossa como um rugido de leão. Saí das tendas cansada e infeliz, eram quatro, e tinhamos que fazer um rodízio. Não sei o que um encontro tão fugaz produz. A minha sensação foi de desperdício. Não participei da alegria coletiva, pois detesto multidões e realmente decidí que foi meu último grande evento, era um mega evento. Fui com Tino e Jonas, duas pessoas lindas, ver o filme do Woody Allen, Meia Noite em Paris e o filme me fez tão bem, fiquei tão maravilhada, a companhia dos meninos era tão boa, que foi um bálsamo. Agora , depois de uma viagem bastante dura, deixo que o jardim circule por minhas veias. E pouco a pouco vou me acalmando.

domingo, 21 de agosto de 2011

ATÉ A VOLTA

Sexta-feira próxima estarei de volta ao blog. Até lá.

PASSO FUNDO

Saio esta madrugada de casa para Passo Fundo. É uma longa viagem. Já me avisaram que está muito frio, junto livros e agasalhos. Vou ao encontro dos meus leitores. Volto sempre enriquecida, com gente nova no coração.

Hoje o artigo da Martha Medeiros no O Globo está imperdível .Ela faz uma lista do que é imprescindível para as mulheres. Sugiro que depois de ler o artigo cada um faça a sua lista , mulheres e homens também. A geração de homens dos meus filhos é completamente diferente da geração passada. São homens-mulheres, que trocam fralda dos bebês, cuidam da casa, participam, sentem, choram. Que maravilha. Meu filho Guga, em Granada, na Espanha, é quem cuida da casa, já que por ter horários mais maleáveis do que Patrícia, sua mulher, pode fazer faxina, cozinhar e cuidar do Luis, meu neto. Meu ex marido, na década de 70, nunca trocou uma fralda e não sabia onde estavam os copos. Claro que nós mulheres também mudamos tanto e hoje um casamento como o que eu tive seria impensável. As fronteiras do feminino e masculino são fluidas. Somos ambos humanos, frágeis e mortais. E o homem ganhou uma dimensão nova, ao participar da vida da casa.

sábado, 20 de agosto de 2011

HISTÓRIAS DA ADOLESCÊNCIA

Acabo de ler um livro maravilhoso, Histórias da Adolescência, de Eloísa Grossman, Cristiane Murad Tavares e Mariana Caroni, editado pela Garamond Universitária e Faperj. É um guia de livros e filmes para profissionais de saúde. A idéia é fantástica: a partir de um conto ou um filme, profissionais de saúde que atendem adolescentes, esta etapa tão difícil e preciosa da nossa existência, passam a abordar os casos que passam por suas mãos com um outro olhar, um olhar ampliado. A literatura é o meio mais seguro de se chegar ao núcleo da alma humana e seus complexos conflitos. Histórias podem nos abrir a porta para segredos inconfessáveis e dolorosos e nos ajudam a enfrentar a existência.Eloísa e suas colaboradoras fazem a resenha do livro ou do filme escolhido e nos contam casos concretos que passaram por suas mãos e que se encaixam perfeitamente na trama do filme ou do livro. Ao mesmo tempo nos ajudam a entender um pouco todo o turbilhão que representa a adolescência, suas paixões e riscos. Conhecí a Eloísa quando meu filho esteve internado no Hospital Pedro Ernesto . Ela é uma das fundadoras do Nesa, Núcleo de Estudos da Saúde do Adolescente e para minha surpresa, minha leitora! Cheia de vida e alegria, Eloísa me presenteou com seu livro e agora fiquei tão entusiasmada que sugerí a criação de um Clube de Leitura dirigido por ela, junto aos adolescentes e profissionais de saúde. Quem sabe o Clube já existe?

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

MOVIMENTO

Parece que está começando no Brasil um movimento contra a impunidade dos corruptos. Passei dois dias no Hospital Pedro Ernesto no Rio de Janeiro, onde meu filho foi operado por uma equipe esplêndida. Quando acordou da anestesia ainda não podia beber água, mas quando já estava liberado para beber, não havia copo. Uma enfermeira maravilhosa abriu uma seringa e enchemos o seu invólucro com a água do bebedor, pusemos na seringa e ele foi bebendo diretamente da seringa. Uma hora depois conseguimos um copo de plástico. Não havia talheres. O médico receitou um dormonid para a noite, mas não havia. Só conseguiram o remédio às 3hs da manhã.O elevador não podia ser chamado ao toque de um botão, pois não havia botão, a porta tinha que ser esmurrada. A impressão era de que se estava num hospital de algum pós guerra. Tive a dimensão exata do que acontece quando dinheiro público é desviado. O Pedro Ernesto é um hospital universitário, um hospital de pesquisa e referência, deveria estar reformado, limpo, agradável. Mas o dinheiro não chega. Visitamos a Nesa, Unidade dos Adolescentes, que recebe dinheiro de fora do Brasil, pois seus projetos são pioneiros e aí é tudo limpo, agradável, digno.O dinheiro chega. Cada centavo que vai para o bolso de alguém ou para algum partido, é dinheiro roubado de uma escola, um hospital, uma biblioteca, um museu. Enquanto faltam copos no Pedro Ernesto e aparelhos de mamografia em muitos hospitais,e leitos, gente com cãncer às vezes tem que esperar um ano para ser operada, políticos vão fazer compras na Europa com dinheiro público . Compram mansões, compram ilhas. Já passou da hora. Corrupção existe no mundo inteiro, mas impunidade não. Dinheiro público é sagrado . Temos que gritar.
Acabo de receber o artigo que reproduzo abaixo:


Intolerável

Corrupção mata. Entender isso é fundamental para atacar um dos males que mais empatam o desenvolvimento socioeconômico e político do Brasil. Ainda há quem não veja a conexão entre corrupção e violência, mas elas estão intimamente ligadas.
Da mesma forma, devemos entender que a baixa eficiência e o mau funcionamento dos serviços do Estado estão tremendamente relacionados à cultura da corrupção, ao patrimonialismo, à falta de transparência e à baixa capacidade de mobilização social.
A morte da juíza Patrícia Acioli, no Rio, não é apenas um crime brutal. A execução de uma servidora pública correta e rigorosa com os crimes, principalmente os cometidos por agentes públicos, revela a força que as máfias têm no país. E o tamanho que elas adquiriram, graças à corrupção.
Quando a propina chancela e incentiva o desvio de conduta, torna-o cada vez maior. E chega a um ponto em que vê na lei um obstáculo que precisa ser removido, tirando do caminho quem a faz cumprir.
É na má política que se choca o ovo da serpente da violência policial e das relações espúrias entre poder de Estado e delinquência. Quem assistiu aos filmes de José Padilha "Tropa de Elite" e "Tropa de Elite 2" pode ver como a propina de todo dia fortalece a mão que aperta o gatilho contra os inocentes.
A morte de Patrícia Acioli é uma afronta ao Estado democrático de Direito. Ela não é apenas mais uma vítima. Era alguém que, no desempenho de suas funções, buscava combater a barbárie de grupos que querem controlar a vida de quem mora na periferia e, claro, o próprio Estado.
Matar uma juíza revela enorme convicção da própria impunidade. É uma declaração de guerra às leis, à democracia e à sociedade. Assim como é inaceitável que o Brasil conviva com a execução de uma juíza, também não é mais tolerável convivermos com o nível de corrupção que tem marcado o nosso país.
Vemos, na mídia, como a Índia, país com problemas maiores do que os nossos, desperta vigorosamente para o combate à corrupção. E o que falta para o Brasil? Quanto mais indignada for a resposta da sociedade aos escândalos e aos homicídios de cada dia, maior será o poder de reação contra essas mazelas no âmbito do próprio Estado.
A autoridade pública da menor à maior se sentirá fortalecida e incentivada a agir contra a corrupção, que é, em si, uma forma de violência contra a coletividade.
A faxina, então, deixa de ser rápida, como se faz quando chega uma visita inesperada, e passa a ser permanente, vigorosa, profunda. É desse nível de exigência que precisamos. Se nos acostumarmos a deixar barato, perderemos o controle do que é público, do que é de todos nós.

MARINA SILVA

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

MARTA

Há na minha família um movimento de mudança. Como já contei aqui, minha irmã Evelyn se muda de Teresópolis para Visconde de Mauá. Meu filho Guga planeja sua volta para o Brasil, de Granada, na Espanha e Marta, a mãe da minha nora Dani, se muda hoje de Avaré para Resende, para ficar perto da filha. Marta tem 62 anos e nunca mudou de cidade. Ela veio do campo e é um baú de histórias, pois seus pais emigraram do Japão. Quando estamos juntas não me canso de ouvi-la.Os japoneses eram um grupo fechado e suas vivências são muito diferentes das nossas. Diferentes os hábitos e a maneira de apreender a vida. Hoje é um grande momento na vida da Marta, ela traz anos acumulados em baús e armários e seus cinco gatos. Sinto que Marta, com suas mãos preciosas que costuram e tecem, será muito feliz em Resende, junto da filha e dos netos que virão.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

MUDANÇA

Evelyn Kligerman, minha irmã , escultora e ceramista, dia 1 de setembro se muda com seu ateliê para Visconde de Mauá. Sua casa será um ateliê aberto e loja ao mesmo tempo. Hoje começam a pintar a linda casa onde irá morar. Dia 18 de outubro marcamos uma festa para a inauguração do ateliê. Mas nenhuma mudança é fácil:

MUDANÇA

Mudar de casa
é coisa
muito complicada,
porque uma casa
não cabe
em outra casa:
sempre fica faltando,
sempre fica sobrando.

O caminhão de mudanças,
bicho cruel,
engole mesas, cadeiras, lembranças,
e lá se vai mundo abaixo.

Na casa nova o caminhão despeja
mesas, cadeiras, lembranças,

e a casa vai criando asas,
criando vida,
já se pode forrar o teto
de sonhos.

in Casas, es. Formato

terça-feira, 16 de agosto de 2011

DE VOLTA

É uma longa viagem da montanha para o mar. Chego muito cansada e como em Visconde de Mauá não tenho internet, quando volto há muito trabalho acumulado. Levo um dia inteiro para me recuperar e colocar tudo em dia . Kira e Maya, a filha do Juan e sua filha, minha neta de estimação, foram comigo e ficaram hospedadas na minha casinha . Foi maravilhoso, mas escreví pouco, apenas dois poemas. André , meu filho, pode vir do Rio, onde fez uma cirurgia e hoje quando vim embora ele já estava quase sem dor. Daqui para frente tenho muitas muitas viagens. Vou contando.Hoje recebí uma carta maravilhosa de uma leitora que não conheço. Ela me diz que levou um dos poemas do meu livro Poemas de Céu, o Buraco Negro, para o seu analista e ele gostou tanto que levou para mostrar aos seus alunos na Universidade. Ela diz que meus poemas são filosofia pura e eu fico tão agradecida com leitores assim.A verdade é que escrevemos sem saber onde o poema chegará, em que coração irá jogar suas âncoras.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

SUCESSO

A cirurgia do meu filho foi um sucesso. Respiro aliviada. Amanhã cedo eu e minha nora vamos para Mauá. Escrevo na volta. Até lá.

ESPERA

Estou no Rio esperando meu filho terminar uma pequena cirurgia. Juan me enviou a versào final de seu livro infantil que sairá pela ed. Paulinas. Fecho um trabalho em Petrópolis.Uma editora me pede um texto, uma outra me pede uma foto. A vida vai correndo enquento meu fiho anestesiado , dentro de um centro cirúrgico,me deixa numa espera estranha.É uma intervenção simples e já estava marcada desde muito tempo. Mas filho a gente quer acordado, rindo, brincando, feliz. O tempo se arrasta, não passa.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

NA ESTRADA

Hoje vou para o Rio fazer uns exames (só saio daqui de Saquarema para ir ao médico ou para viajar)e quinta-feira vou com Maya, minha filha de estimação e minha neta Kira, sua filha, para Visconde de Mauá. Levo o caderno do "Diário da Montanha" que estou escrevendo, mas acho que Kira ocupará todos os espaços e não conseguirei escrever. Não importa, os poemas já estão aí, dentro de mim.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

OFICINA DE LEITURA E BARRO

Telma inaugurou seu Círculo Artístico de Saquarema e dentro da sua programação trouxe minha irmã, a ceramista Evelyn Kligerman para dar a sua oficina de leitura e barro. Evelyn usou meu livro Retratos que sairá numa linda reedição em breve. Conta Evelyn que eram 60 pessoas entre crianças, jovens e gente mais velha. Todos ouviram o texto e trouxeram relatos de família. Todos fabricaram lindas peças de barro. Evelyn conta que a emoção era palpável na sala e havia um círculo de afeto ligando cada participante a outro.O encontro foi no bistrô Frutíssima e Telma e Cisa, a dona, eram as anfitriãs. Evelyn voltou plena e feliz.

Nós, Juan, Maya e Kira passamos o dia no Hotel Fazenda Serra Castelhana, aqui pertinho. Foi maravilhoso. Kira não cabia dentro do seu pequeno corpo de tanta felicidade. Eu e Juan passamos horas lendo e contemnplando. Eu lia a correspondência entre Lous Andréa Salomé e o poeta Rainer Maria Rilke. A beleza do lugar é luxuriante e o livro retrata a dor de uma vida,a dor da existência e da criação.E eu ia sorvendo as duas sensações.

Hoje tenho o fogão de lenha aceso e vou preparar uma muqueca de peixe e camarão.

domingo, 7 de agosto de 2011

ENCONTRO DO CLUBE DE LEITURA DA CASA AMARELA

Cada vez mais , nós do Clube de Leitura da Casa Amarela, somos uma família. Reunidos para comentar um livro, ontem, O Amor nos Tempos do Cólera, do Gabriel Garcia Márquez, nos emocionamos, rimos, quase choramos, numa comunhão mágica. Hélio e Fernando , nossos amigos, vieram pela primeira vez. Maya , nossa filha e Kira, nossa neta, estavam presentes.Começamos nosso encontro com Evelyn, minha irmã, nos contando que no México, na década de 70, foi a um churrasco onde estava Gabo, e a dona da casa foi correndo buscar um livro para ele autografar, mas o livro não era dele e sim do Octávio Paz! Então Juan contou os vários encontros que teve com Garcia Márquez, falou de sua vida, de como continua até hoje sendo jornalista, de suas idéias políticas, do seu bom humor, de como ama os amigos. Então Pepito leu em espanhol alguns parágrafos do primeiro capítulo. Thaís começou a falar pela imagem da capa. Maria Clara nos fala de como o livro começa com uma morte e um cheiro. E num encadeamento maravilhoso fomos nos lembrando dos detalhes, da riqueza dos personagens, do vocabulário da linguagem, dos exageros e desembocamos no rio final, no rio da ficção, onde os amantes ficam para sempre, sem aportar, sem chegar nunca em nenhum lugar, a terceira margem do rio.
Então Francisco leu um poema que nasceu a partir do livro, Pepito leu um poema em espanhol sobre a passagem do tempo, poema belíssimo que deixou todo mundo com um nó na garganta, Maria Clara leu um poema sobre a morte da sua madrinha.Eu li um poema da Angela que não estava mas que estava presente em pensamento.
Evelyn, que está de mudança para Visconde de Mauá, onde terá pouco espaço trouxe 3 caixas de livros maravilhosos . Todos podiam levar quantos livros fossem capazes de ler e o que sobrou foi doado para a Biblioteca Pública de Duque de Caxias que eu conheço e é uma biblioteca muito frequentada.]
Vanda preparou um bobó de camarão no fogão de lenha. Éramos 17 pessoas na mesa. Fiz pães e brindamos com vinho. Brincamos de escravos de Jó. Era aniversário da Andréia e o grupo de Duque de Caxias trouxe uma torta de chocolate.Vanda fez mousse de maracujá.No final, café com beijos. E agora , para o próximo encontro vamos ler Dois Irmãos do Milton Hatoum e o Poema Sujo do Ferreira Gullar. Será no dia 1 de outubro.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

MAYA E KIRA

Maya, minha enteada (detesto esta palavra) , corrijo, minha filha de estimação, e Kira, nossa netinha , já estão voando rumo a Saquarema. É uma longa viagem. De Barcelona para Madrid, de Madrid para o Rio, do Rio para Saquarema. Gisele e Arnaldo, meus amigos taxistas irão buscá-las no Galeão. As duas já escolheram o jantar. Maya quer comer um polvo a la galega e Kira quer macarrão colorido com molho de queijo. Kira tem 5 anos e desde um ano que já era gourmet. Encheremos a cama do quarto de hóspedes de presentes. Evelyn , minha irmã, está vindo, pois amanhã é o almoço do Clube de Leitura.Kira pediu patins e vestidos, Maya não pediu nada mas compramos um conjunto de creme, perfume, sabonete, tudo de frutas brasileiras.Dentro de pouco a casa se encherá de risos, alegria sonora.
Estou vivendo um momento mágico, de muitas mudanças na família. Evelyn, minha irmã, vai se mudar com seu ateliê para Visconde de Mauá, Guga, meu filho sonha em voltar para o Brasil e pode ser que consiga. Dani e André, meu filho, querem um filho. Sinto uma força gigantesca movendo a família.Uma força que brota do fundo da terra e do fundo do céu.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

JARDINS

Recebo a nova edição do meu livro JARDINS, o livro mais bonito de todos os que já publiquei. A história do livro é interessante. Havia, já não sei mais em que ano, uma exposição dos Impressionistas no Rio de Janeiro. Pensei em fazer uns poemas e ilustrar com quadros dos Impressionistas. Fiz pequenos poemas e ofereci junto com a idéia para vários editores, ninguém aceitou. Joguei os poemas na gaveta onde dormiram por alguns anos. Um dia, viajando com Roger Mello para Cataguases, no carro fomos conversando sobre flores. Ele, de Brasília, me falou da sua paixão pelas flores do cerrado. Eu falei da minha paixão por toda e qualquer flor. Então contei dos poemas na gaveta e perguntei se ele não queria ilustrar. Ele se entusiasmou mas eu lhe pedi que buscasse a editora, pois já havia tentado várias sem sucesso. Enviei o original. Pouco tempo depois ele me telefonou e me disse que a Bia Hetzel estava entusiasmada com os poemas. Fui conhecer a Bia e nos reconhecemos. Temos duas grandes paixões em comum: gatos e natureza. O livro saiu pela Manati, a editora da Bia Hetzel e Silvia Negreiros, belíssimo, um livro de arte. Ganhamos com ele o Prêmio de Melhor Livro Infantil da Academia Brasileira de Letras em 2002.

Flores perfumadas de sol
e vento
semeadas pela mesa,
pela casa, pelos quatro
cantos do tempo.


in Jardins, ed. Manati

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

INSTITUTO EUROPEU DE DESENHO

Ontem fomos almoçar com o Diretor de Instituto Europeu de Desenho no Rio. Pude conhecer o Instituto por dentro, eu morria de curiosidade. O IED está impedido de abrir suas portas pela Associação de Moradores da Urca. Por dentro o antigo hotel e antigo cassino , é uma verdadeira maravilha. Fizeram uma obra belíssima e o prédio está fechado, se deteriorando, liminar após liminar. O problema seria o impacto ambiental, mas nenhuma solução que o IED apresenta é aceita. O bairro não quer novidades. É uma pena, pois eles ofereceram um estacionamento para os alunos fora do bairro, com uma van que faria o leva e traz. Nem assim. Viriam estudantes de todo o mundo, e a Urca se revitalizaria com várias linguas e sotaques percorrendo o bairro, com artistas trazendo um sopro cosmolita. Sou francamente a favor do IED, pois o conhecí em Madrid e é uma instituição maravilhosa, aberta sempre para o novo. Fábio, seu diretor nos levou para comer num bistrô incrível que abriu ao lado do Boteco Belmonte, o dono é um holandês casado com brasileira e a comida e o ambiente são fantásticos. Fábio também nos mostrou as ruínas do teatro que o IED iria recuperar (vimos a maquete) e devolver para a comunidade. Mas a comunidade também não quer o teatro, o bairro não quer saber de arte. O que faz da Urca um lugar belo e triste, sem vida.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

MULUNGU

Como amanhã irei ao Rio, escrevo hoje o post que escreveria amanhã. Quero falar do mulungu do nosso jardim. Já é uma árvore, alta e linda. Esta semana começou a florescer e começam também a nascer algumas folhas. Suas flores são maravilhosas, vermelhas e duram dois meses mais ou menos. O mulungu floresce apenas uma vez por ano, portanto, todos os dias preciso sentir o incêndio de beleza das suas flores. Elas são um presente, um tesouro.

MANUELA E JOINVILLE

Manuela, de quem sou fada madrinha, com a minha varinha de condão foi parar em Joinville onde passou dez dias na casa da Silvane diretora da escola Hermann Müller. Manuela voltou maravilhada com a acolhida,o carinho, a comida, os abraços, com a escola, com o alfabeto das flores para alfabetizar as crianças com poesia, com as crianças da escola apaixonadas por poesia. Era o mês da dança em Joinville e Manuela foi a vários espetáculos, na rua, nos teatros. Perguntei a Manuela que faz Pedagogia e trabalha aqui em Saquarema numa Sala de Leitura: - Manu, o que você traz desta viagem? E Manuela respondeu: _ Esperança.