domingo, 23 de setembro de 2012

POESIA DO ACRE

Na mesa em Rio Branco dividi o espaço com Gloria Kirinus e a poeta Francis Mary, conhecida como Bruxinha. Ela faz uma poesia cheia de referências locais, ao mundo mágico da floresta. Ela foi companheira de luta de Chico Mendes . A sua apresentação foi linda. Ela projetou imagens da floresta enquanto lia seus poemas e trouxe alguns amigos músicos para acompanhá-la. Aliás, a fala da Gloria foi tão envolvente que ninguém queria ir embora nunca mais. O público ficou. A mediadora dizia, então acabou, e nada. Ninguém se levantava.
Eu tentei falar sobre o tempo. Se não se pode dividir o tempo ,então, todos , desde a pré-história, são meus contemporâneos. Talvez tenha me enrolado um pouco. Li um texto magnífico do Galeano onde ele nos fala de quem são seus contemporâneos e vai ao encontro do que penso. A poesia habita todos os tempos e seu lugar é sempre.

DESCONVERSA

O Kaxinauá disse assim:
você já bebeu voo de tucano
com sangue de açaí?

Eu desconversei
e saí caçando meus passos
guardados no saco
de sernambí.

Isso aconteceu
num dia de chuva
quati, quati...

Francis Mary

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