segunda-feira, 26 de novembro de 2012

AUSTERIDADE

Terminei de ler o livro O CHALÉ DA MEMÓRIA de Tony Judt e me impactou muito. Ele nasceu em 1948 na Inglaterra de pais judeus. Eu nasci em 1950 no Brasil também de pais judeus e como em sua família, na minha casa não respeitávamos os feriados e nem os rituais judaicos. Minha mãe não acendia as velas em memória dos antepassados no shabat, nem tínhamos shabat. Mas havia a casa da minha avó com o shabat e os feriados e principalmente as comidas. O judaísmo para mim são os cânticos e as comidas da minha infância. E as histórias da Bíblia que minha avó me contava. Eu achava a Arca de Noé uma maravilha.
Mas as semelhanças da sua infância com a minha não terminam aí. Naquela época vivíamos em completa austeridade. Eu praticamente não tinha brinquedos e então inventávamos nossos brinquedos. O que eu mais amava eram umas revistas que vinham com bonequinhas para recortar e as suas roupas. Brincávamos de loja, recortávamos objetos das revistas e desenhávamos dinheiro e fazíamos uma loja. Brincávamos de Sítio do Pica Pau Amarelo e de Contos de Fadas. Para que brinquedos se tinhamos a nossa imaginação? A época de austeridade nos obrigava a usar a mente e isso era maravilhoso.Hoje o mundo ocidental e "rico" é um entulho só. Uma criança apenas possui mais brinquedos do que uma multidão. Brinquedos que brincam sozinhos e qual é a graça? Os livros são o maior brinquedo. Tony Judt nos fala com muito carinho da austeridade da sua infância. E eu me identifiquei completamente.

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