sexta-feira, 31 de maio de 2013

PASSADO E FUTURO

Passado e futuro se encontram: Foi encontrado um mamute congelado mas seu sangue ainda estava líquido. Sou apaixonada pela pré-história, como a maioria das crianças e jovens e cientistas dizem que a partir do sangue podem clonar um mamute. Os cientistas não entendem como o sangue se manteve líquido  e talvez descubram , certamente farão estudos exaustivos. Um mamute vivo o que comerá? Uma floresta inteira? E como se sentirá solitário sem alguém da sua espécie para interagir... Mas se nós, humanos, não conseguimos nem preservar os elefantes, o que faremos com um mamute vivo?

quarta-feira, 29 de maio de 2013

PRESENTE DUPLO

Recebi um presente duplo: a poesia do Luciano Bonfim que vive em Sobral , no Ceará e a poesia de Rubens Cunha que vive em Santa Catarina. São belos os poemas dos dois poetas. São poemas fortes, às vezes,cortantes.
Luciano , com seu pequeno livro Aliterar Versos , fabrica haicais com algo de desconstrução, se fosse para fazer uma aproximação com a pintura, me lembraria Picasso:

5/15

 Andorinha: abnegada ave,
Corta céu / certeira
Verão vem vindo

7/21

Lascívia: l ' art-pour-l'art?
   Alma alcança ares?
Fortuita, fugitiva, fugaz?

Rubens me envia uma coleção de livros mínimos com títulos maravilhosos, eles se desdobram, cada um é um poema, e me diz ele que  vinham numa caixa, mas as caixas acabaram.

Escolho um. Paredes:
 sou homem de sementes falhas

porém com dedos faustos
capazes de corromper
-ou inaugurar -
alegrias
paredes
pernas

e as demais metáforas da carne

a vida líquida
se molda ao corpo

azul na memória
talvez futuro

o sol gaivota o tempo
em outro lugar

espero

escondo os poros nos porões

meu destino
é disfarçar
às escondiduras da casa

e do corpo

faz tempo que não abro as janelas

e as pernas

faz tempo que não enxergo

pedaços de pecado
cimentam as horas

desvelo o céu
do respeito

até sangrar-me
céu e vulva

a vida acometida em aliteração

promete o gozo baixo


terça-feira, 28 de maio de 2013

PLANTA CONGELADA

Ontem numa entrevista de 2009, num documentário , a bailarina Tatiana Leskova, na época com 86 anos e lindíssima, disse que enquanto tivesse garra e curiosidade para aprender coisas novas, não envelheceria.
Ontem , lendo o livro Jerusalém,a biografia , de Simon Sebag Montefiore, Cia das Letras, aprendi que a palavra paraíso e seu conceito vem da palavra persa pariadeza que quer dizer céu. E quando pronuncio paraíso não vejo o céu mas sim a palavra me passa a sensação de vivências maravilhosas, temperatura perfeita, perfumes inebriantes de flores e frutas, beleza em estado puro. Como uma palavra que veio do persa pode ficar grávida de tantas maravilhas ?

Hoje leio que no Ártico , com o recuo das geleiras, uma planta congelada adormecida debaixo do gelo, começou a brotar. Como se o tempo não existisse, os 400 anos de congelamento fossem nada, a vida voltou a pulsar.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

SEGUNDA-FEIRA

Por que os dias da semana falam de feira? Eu realmente não sei mas amava as feiras livres na minha infância.
Eunice, minha babá, me levava e ela conhecia todos os feirantes. A parada em cada barraca era obrigatória e enquanto ela conversava eu provava frutas, quebra queixo, doces variados. Eunice era linda, usava uns vestidos justíssimos de rabo de peixe e para todos ela dizia: essa é a minha filha branca. Por onde passava era uma sensação. Eu amava os cheiros e os pregões. Os pregões da minha infância estalavam no ar feito chicote . 

domingo, 26 de maio de 2013

LIVRARIA DA TRAVESSA

Ontem estive então na Livraria da Travessa no Leblon. Comprei o livro Jerusalém, uma biografia, de Simon SAebag Montefiore, Cia das Letras. Haja fôlego, o livro tem quase 800 páginas! mas parece muito interessante, a história de Jerusalém desde o seu começo com todos os povos que passaram por aí.
Revi duas amigas muito queridas ontem e foi maravilhoso estar com elas. Conheci um dos meus editores, o Francisco, figura linda.
E o motorista do táxi que me levou me perguntou como é que eu aconseguia morar em Saquarema onde não há nada, nem vida noturna, nem livraria, nem vida cultural, bom, é verdade, mas eu amo o silêncio daqui, o barulho do mar, estou cercada de livros, da minha mesa onde escrevo vejo as montanhas , o que mais posso querer? Adoro este quase isolamento, sempre gostei, desde muito jovem. A natureza me abraça, alimenta, acolhe.

sábado, 25 de maio de 2013

LANÇAMENTO


Ontem vi a entrevista da Stella Maris no Globonews literatura, foi linda!  Li um artigo magnífico do Umberto Ecco onde ele enfatiza os anos de paz que a Europa está vivendo depois de perder quarenta milhões de pessoas na II Guerra e a geração atual não se dá conta disso, há que preservar esta paz a qualquer custo.
Depois do almoço um táxi virá me buscar para o lançamento do meu novo livro na Livraria da Travessa do Leblon às 17hs. Quem Vê Cara Não Vê Coração , ed. Callis, Instituro Houaiss. É o meu primeiro livro pela Callis e fiquei muito feliz com o resultado. São lindas as ilustrações da Larissa Ribeiro e eu amei fazer os poemas dos ditados populares. Quem quiser me encontrar para trocarmos os corações que vá hoje até a Livraria da Travessa.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

TEAR

SONHO:
Se houvesse no mundo um tear para fazer um novo tecido social, nenhum ato de terrorismo ou crueldade seria possível, já que as pessoas estariam tão felizes criando, pintando, dançando, exercendo seus ofícios com uma tal quantidade de amor, que a morte só aconteceria naturalmente. Se os governos investissem nas áreas degradadas do mundo, deste tear sairia um novo mundo. Este é o meu sonho.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

QUEM VÊ CARA NÃO VÊ CORAÇÃO

Sábado é o lançamento do meu livro Quem vê cara não vê coração, ed. Callis, Instituto Houaiss. Na Livraria da Travessa do Leblon. O livro é uma delícia , recolhi vários ditados populares e transforei em poesia. Espero vocês!

QUEM VÊ CARA NÃO VÊ CORAÇÃO

O coração é como flor escondida
no mais escondido jardim do corpo
e navega num mar vermelho
de sangue e sentimentos:
a qualquer momento
ele diz amor.

É possível alcançá-lo
com os olhos,
uma simples palavra,
uma lágrima,
um abraço,
uma carícia.

Às vezes o coração
fecha
as suas portas,
mas com um sopro,
um suspiro,
um vento encantado,
elas se abrem
de par em par.

in Quem vê cara não vê coração, ed. Callis, Instituto Houaiss


quarta-feira, 22 de maio de 2013

FORA DO MUNDO

Fiquei tantos dias fora do mundo. Primeiro em Mauá e depois trabalhando em Resende. Chego em casa e o jornal aberto em cima da mesa só me mostra tragédias e tristezas. Pulo o jornal, escapo do mundo. Olho o mar, escuto ainda a voz do meu neto, ressoa em meus ouvidos. Ele me disse: _ Vovó, não quero que você vá embora porque eu gosto muito de você, gosto nove mil! Nunca havia recebido uma declaração de amor matemática.
Sábado é o lançamento do meu livro Quem Vê Cara Não Vê Coração , ed. Callis, Instituto Houaiss, na Livraria Travessa do Leblon. Espero alguns amigos para não me sentir sozinha! 

terça-feira, 21 de maio de 2013

CAFÉ DA MANHÃ

Hoje aqui em Resende, tenho um café da manhã com professores. Falar sobre leitura e formação de leitores já se tornou a minha vida. E ao voltar já começo a arrumar a mala para Natal, onde falarei sobre os cinco sentidos e alguns outros. Para 600 professores. Se no passado alguma bola de cristal me dissesse que eu falaria para tanta gente e o mais incrível: as pessoas gostariam, eu não acreditaria. A menina tímida que fui, sempre escondida atrás de um livro, dorme e sonha em alguma caverna dentro de mim.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

EM RESENDE

Passei dias esplêndidos em Mauá, dentro da mata. Filhos, irmã, cunhado, meu neto: a família. A família é a minha âncora, a raíz. Nos vemos pouco e estar com cada um e sua história é uma dádiva. Minha nora está grávida e é como se ela derramasse uma luz mágica sobre todos nós.
Hoje trabalho aqui em Resende e amanhã também. Apresento meus livros, converso com leitores, pais, professores.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

PRÊMIO

Comecei a escrever o livro Diário da Montanha porque ganhei um caderno lindo de folhas artesanais confeccionadas a partir de plantas, de flores. Estava na minha casinha em Mauá e logo a partir do segundo poema tive a idéia de fazer um diário com o que fosse acontecessendo cada dia, porque sempre alguma coisa está acontecendo. Não pensava em publicar , mas quando já estava com alguns poemas mostrei para a Bia Hetzel que amou e então decidimos fazer o livro e continuei a escrever até que um dia apareceu um arco-iris maravilhoso e quando fiz o poema soube que era o último. O livro nasceu com sorte. Fizemos a sua apresentação no ateliê da minha irmã Evelyn Kligerman com um violinista cigano e logo depois ele ganhou meia página no Prosa e Verso, depois entrou no Catálogo de Bolonha, depois ganhou um Altamente Recomendável da F.N.L.I.J e agora acaba de ganhar o Prêmio de Melhor de Poesia da Fundação. Bia me deu a notícia ontem e claro que acordei várias vezes com fome durante a noite, que é o que acontece comigo quando estou com felicidade sobrando.

Hoje passo o dia com as professoras de Saquarema e amanhã saio às 4:45h para Resende-Mauá. Um encontro com a minha casinha da montanha, com meus filhos e meu neto. Segunda e terça eu e Guga faremos uma participação no Colégio D.Bosco de Resende. Uma conversa com meus leitores e um espetáculo do Livro-Conceryo Caixinha de Música.

Estarei ausente alguns dias. Não se esqueçam de mim!

terça-feira, 14 de maio de 2013

CHEIROS&MEMÓRIA

Leio que o olfato é um dos sentidos mais importantes para a fixação da memória. E que um feto já sente cheiros  dentro da barriga da mãe. E que um bebê pode encontrar a sua mãe pelo cheiro na escuridão mais profunda.
Os cheiros da nossa infância são muito fortes e indeléveis, deixam uma marca profunda. Alguns cheiros durante as minha gestações também deixaram marcas, por exemplo, o cheiro de folhas secas queimadas na gravidez do meu segundo filho. Meu corpo inteiro rejeitava aquele cheiro, mas quando eu o sinto, vejo a chácara onde morava, parece que estou ali.
O cheiro dos filhos ao longo da vida. Uma vez fui visitar meu filho Guga em São Paulo, ele ainda não estava em casa, combinamos que ele deixaria a chave num determinado lugar. Eu entrei na casa e fui para o seu quarto. Ao sentir o seu cheiro no quarto desmontei. Tantos meses de saudade represada cairam sobre mim.
O cheiro do mato faz com que eu me sinta árvore, me sinta bicho, me sinta um pedaço do universo.
O cheiro da chuva: eu o sinto antes da chuva chegar.
O cheiro do mar, de algas, moluscos, peixes, me deixam louca de alegria.
Meu filho André , Chef de Cozinha, tem cheiro bom de comida.
O cheiro da água sanitária traz de volta uma amiga que tive no primário, na E.P.Francisco Manoel, no Grajaú. Ela se chamava Olga e era muito pobre, eu a amava  e suas mãos eram  vermelhas e  cheiravam a água sanitária pois lavava roupa para toda a família.
O cheiro de quem se ama nos desperta para a vida.
E que cada um traga para si cheiros e memórias.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

EUNICE

Eunice foi trabalhar na casa dos meus pais quando eu tinha três meses. Abriu mão da metade da sua vida pessoal para substituir a minha mãe que trabalhava o dia inteiro. Crescemos com a Eunice, foi ela quem nos criou e educou.Quando eu tinha medo durante a noite, ia para a sua cama. Ainda sinto o cheiro dos seus lençóis. Ela ficou comigo até a adolescência dos meus filhos quando se aposentou. Ela já foi embora, deve estar dançando no céu, pois o que mais amava na vida era dançar. Ela deixou dentro de mim sementes fortíssimas de negritude. Precisei conhecer um pedacinho da África, era um chamado. Fui até a Costa do Marfim. Eunice estudou até o quarto ano primário, escrevia e lia muito mal, mas tinha uma fonte inesgotável de humor e sabedoria. E de amor. Quando tive mononucleose aos 17 anos, ela me carregava no colo até o banho. Eunice representa toda uma geração que passou grande parte da vida dentro da casa dos patrões, vivendo esta segunda vida mais do que a sua própria. Neste dia de hoje o maior presente que podemos dar para a imensa população de negros e mestiços que enriqueceu e enriquece cada dia o nosso país, seria uma educação básica de extrema qualidade para compensar a geração da Eunice, a geração dos avós da Eunice, dos bisávós. A avó da Eunice era escrava. Passei muitos domingos na casa da sua mãe em Vila Rosali. Eu amava, cada filho tinha uma casa no terreno, eram tantas crianças para brincar comigo Quando conheci a África, pensei: a casa da mãe da Eunice, Dona Valentina, era África. Além de uma educação básica de qualidade para que possam, por exemplo, cursar medicina numa Universidade pública (o número de negros é ínfimo) a valorização do negro e do mestiço passa pela valorização dos professores com salário digno. Este seria , penso, um grande presente no dia de hoje, quando se rememora a Abolição.

domingo, 12 de maio de 2013

MARROCOS E MESOPOTÂMIA

Ontem vi um documentário maravilhoso sobre o Marrocos . E por coincidência mostravam a filmagem do filme O FÍSICO que lemos no Clube de Leitura. Havia uma cidadezinha de berberes nas margens do deserto absolutamente incrível como se a máquina do tempo nos jogasse para trás , digamos cinco mil anos atrás e isso me leva ao artigo sobre a Mesopotâmia que saiu ontem no jornal O Globo na página de História, sobre a primeira cidade do mundo. Eu já havia lido um livro magnífico sobre a primeira cidade e busco o livro inutilmente na minha estante : desapareceu. Ele falava da independência das mulheres naquela época, naquela cidade.Das torres incríveis, ali foi construída a Torre de Babel da Bíblia, ou pelo menos a sua história foi inspirada nas torres imensas da Mesopotâmia. As mulheres até podiam ter negócios, ter uma taberna! Havia uma carta de uma sacerdotisa pedindo à sua família que não a esquecesse e que lhe enviasse dinheiro, pois ela vivia no templo para rezar por todos. Fiquei louca para ler o livro outra vez mas não o encontro. Mas é muito emocionante saber que há cinco mil anos o homem inventou a primeira cidade e a escrita.

E hoje é Dia das Mães. Não conheço nenhum dia em que a mãe deixe de ser mãe, mas enfim, parece que hoje há que ser mais mãe ainda. Tenho muitas saudades da minha mãe e mesmo morando nas estrelas ela ainda é minha mãe..

sábado, 11 de maio de 2013

SOBRE O CÉU E A TERRA

Estou na metade do livro ENTRE O CÉU E A TERRA, um livro de conversas entre o Papa Francisco e o Rabino Skorka de Buenos Aires. O livro é lindo. Em nenhum momento o Rabino ou o Papa se mostram arrogantes ou superiores , nenhum deles se mostra dono da verdade. Conversam sobre tudo num diálogo amável que flui como um rio limpo e amoroso. É a primeira vez na história que um Papa dialoga com um Rabino e isso é emocionante e pode ajudar a fabricar a paz. Pois existem muitas fábricas de guerra, de ódio, de armas. Mas a única fábrica de paz existente é o diálogo, a arte, o amor.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

NOS ARES

O Diário da Montanha escapa das minhas mãos e semeia seus poemas. Alexandre Lemos, músico, fez lindas canções com o livro e quer gravar um CD.

Carteira de  Identidade, com suas linhas sinuosas que nos conduzem ao centro do ser, escapa das minhas mãos e vira teatro pelas mãos do Jorge Vale e sua Companhia Teatral de Saquarema.

Evelyn Kligerman fez meus haicais em cerâmica.

As crianças da E.M. Hermann Müller de Joinville transformaram minha poesia em flor, plantaram meus poemas no jardim da escola.

E assim os poemas saem da folha do livro ou da tela e se metamorfoseiam em outras artes. E assim meus poemas voam, já que não posso voar.  

quinta-feira, 9 de maio de 2013

TERÊ

A estadia em Teresópolis foi luminosa, apesar do frio intenso e do dia nublado na segunda-feira. O hotel do Sesc era um luxo, o carinho da Ana da Biblioteca era um casulo, e o encontro com a minha tia e minhas amigas Lucy e Rivka me encheram de mel. Amoçamos todas juntas num lugar esplêndido e comprei uma chaleira branca de ágata, bem da roça, para os chás do Juan. Passei o resto da tarde no hotel lendo o livro do Leminski do começo ao fim, como se lê um romance, fiquei possuída por sua poesia maravilhosa. Então já era noite e o Guga chegou. Saímos para comer e entramos num restaurante que parecia uma leiteria antiga. Foi maravilhoso estarmos os dois juntos, filho e mãe tecendo cumplicidades.
Nosso trabalho , manhã e tarde, num teatro lotado de crianças, foi maravilhoso.
Guga foi embora correndo pois tinha que dar aula à noite em Resende. Eu vi a exposição do Salgado Maranhão, belíssima, maravilhosa. Conheci a biblioteca. Ganhei uma braçada de flores do campo, como amo, delicadeza imensa da Ana. E fui dormir na casa da minha tia. Casa de tia é muito bom. Ontem fomos almoçar na casa da Rivka, novamente todas as amigas juntas, brindando e rindo: estamos vivas!
E cheguei às 18hs em casa, o mar ainda de ressaca e Juan e as gatas , cada um com seu jeito de abraçar.

domingo, 5 de maio de 2013

MARIANA

Hoje Mariana, minha leitora que pediu um presente especial para sua mãe quando fez aniversário em algum dia de não me lembro que ano, o presente era me conhecer, volta para São Paulo. Ela passou a semana aqui, depois de ter participado do Clube de Leitura. Mariana é em tudo especial e deixa a casa bem vazia. Ela é dançarina e tomara que consiga seguir o seu caminho. Não é nada fácil ser artista. A nossa produção , como a das aranhas que fabricam a teia com a saliva, tem que sair de dentro do corpo e da alma. Somos nosso próprio instrumento. A vida do artista está sujeita a variações de tempo.

Amanhã a seta me diz Teresópolis. Amo a montanha, então estarei em casa.

sábado, 4 de maio de 2013

AMOR

Já li tantas vezes que o amor como o conhecemos é uma invenção moderna. Não tenho nenhuma base científica para dizer o oposto, mas acho que o amor de um pelo outro sempre existiu no coração humano. Não acredito que seja uma invenção cultural. O desejo de estar junto, quando o outro é alimento para o corpo e a alma, acho que  sempre existiu, desde sempre.
Leio no jornal, no café da manhã, que encontraram os esqueletos de um homem e uma mulher enterrados de mãos dadas, com os rostos virados um para o outro durante a restauração de um convento dominicano em Cluj-Napoca. O jovem casal viveu entre os séculos XV e XVI.
Por que foram enterrados juntos ? Quem eram? O que faziam? Com que sonhavam?

sexta-feira, 3 de maio de 2013

QUEM VÊ CARA NÃ VÊ CORAÇÃO

Recebí meu livro novo Quem Vê Cara Não Vê Coração, uma parceria da ed. Callis e Instituto Houaiss.
Trabalho com ditados populares, eles viraram poemas alegres, divertidos, às vezes cheios de reflexões.Ficou maravilhoso com as ilustrações da Larissa Ribeiro e seu lançamento será na Livraria da Travessa dia 25 de maio às 17hs.

QUEM TUDO QUER TUDO PERDE

Quem tudo quer tudo perde
e entre tantos objetos perdidos
durante a vida,
pentes- colheres-amigos-caramelos,
fotos em preto e branco,
em amarelo,
quem tudo quer tudo perde,
mas também se pode achar
entre os canteiros do quintal
um raio de sol, um girassol
e atrás do horizonte se pode achar
sereias, caravelas e baleias.

Quem tudo quer tudo perde,
mas eu só quero amor.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

LÁ VEM O LUIS

Lá vem o Luis é um livro lindo que a ed. Leya publicou, que fiz para o meu neto, mas que serve para qualquer criança, basta trocar o nome. Em maio participarei da Feira de Livro na escola do meu neto e a surpresa: sua turma fará uma dramatização do livro. Meu neto tem 3 anos e meio e nunca pude imaginar uma surpresa assim. É como ganhar um arco-iris, uma orquestra de vaga-lumes .

Vou para Teresópolis dia 7 para duas apresentações no Sesc com meu filho Guga Murray. Voltar a Teresópolis é muito forte para mim. Desde que minha mãe morreu não voltei. Durante todo o tempo da sua doença eu ia para lá de duas em duas semanas. Minha mãe amava a cidade, a vista do seu quarto. Ainda tenho minha tia Alice, que é uma fortaleza, almoçaremos juntas.

Para descansar do livro árduo que é o Pós Guerra do Tony Judt, comprei um livro que é um relato da travessia de uma trilha selvagem por uma mulher sozinha nos Estados Unidos. A trilha inteira vai do México ao Canadá. Vamos juntas, já estamos quase no fim de cem dias de árdua caminhada pelo deserto, pela montanha, com sol abrasante, com neve. O livro se chama "Livre" de Cheryl Strayed e é uma história de cura. Tenho também muitas dores para curar e como meu corpo não permite uma travessia verdadeira, caminho junto com Cheryl. Assim é o poder dos livros.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

DIA DO TRABALHADOR

No Dia do Trabalhador um pensamento para todos os ofícios do mundo que fazem com que a fábrica do dia possa funcionar: Pão cedinho na padaria,  bonde, trem, ônibus em todas as estações e flores nos jardins. E roupa no armário e comida na prateleira e vacinas nos hospitais e telescópios para ver as estrelas, e pontes para atravessar as montanhas e livros para mergulhar, e poemas de amor para oferecer a quem a gente ama.