quinta-feira, 31 de julho de 2014

AS ORQUÍDEAS

Nosso jardim atrás da casa, na beira do mar, desafia as leis do vento e do sal: está verde e florido, belíssimo. As orquídeas dão uma festa à parte, explodem suas formas em cascatas, não de água, mas de poesia.
O jardim da casa, cuidado pelo nosso amado Samuel, que vem com suas mão verdes duas vezes por semana, é um contraponto ao horror do mundo.
Humildemente agradeço.

quarta-feira, 30 de julho de 2014

CATÁLOGO DE BOLONHA

Cheguei ontem em Saquarema. Nana, minha gata, pulou no meu colo e não saiu mais. Luna sempre fica de mal. Só hoje recebi as correspondências em papel. A F.N.L.I.J me enviou o Catálogo de Bolonha. Fiquei então sabendo,com muito atraso, que meu livro Quem Vê Cara Não Vê Coração, ed. Callis, entrou também no Catálogo. Não fui avisada ou quem sabe fui e não me lembro. O livro é uma delícia e sempre faz a festa . Ditados populares que desconstruí e reconstrui brincando com seus sentidos.O Catálogo , embora eu nunca tenha conseguido nenhuma publicação fora do Brasil, para mim, é um grande prêmio, poucos livros de tantos publicados são selecionados e me sinto privilegiada por ter entrado com dois de poesia, além deste, também o Abecedário (Poético) de Frutas, da Ed. Rovelle.

ROUPA SUJA SE LAVA EM CASA

Nem teria graça
lavar roupa suja
no meio da rua,
no meio dos carros,
com o sinal aberto
ou fechado.
Mas em alguns lugares
ainda se lava roupa suja
nos rios
e é uma bela cena
para pintar aquarelas.
também se pode lavar
roupa suja
com água da chuva
mas é perigoso:
a roupa pode ficar
com gosto de céu.


in Quem vê cara não vê coração, ed. Callis.

segunda-feira, 28 de julho de 2014

ENCONTRO DO CLUBE DE LEITURA NA MONTANHA

Nosso encontro marcado na montanha no último sábado, dia 26 de julho, para discutir os livros Amrik de Ana Miranda e Um bonde chamado Desejo de Tenessee Williams foi envolto em frio, neblina, fogo e emoção. Primeiro chegaram Hélio e Fernando e a lareira já estava montada. Quando chegaram todos, César, Fátima, Chico, Denise, Lenivaldo e Angela  (Evelyn, minha irmã, já estava lá.) o clima era de tanto recolhimento, bem-estar, felicidade que a vontade que tínhamos era de parar o tempo. Evelyn destacou a escrita dançada de Amrik e muitos tiveram dificuldade com sua fragmentação, Fátima achou picotada demais. César navegou em suas águas com facilidade. Felipe começou o livro e não gostou e parou. A dança secreta foi avaliada: será que Amina tirou toda a sua roupa? Lenivaldo destacou a beleza do texto, sua poesia imensa e Hélio e Fernando a perfeita reconstrução histórica. Hélio também nos disse que era a história de qualquer imigrante. A dureza das viagens de navio, a chegada num país estranho, a saudade.Evelyn falou da sensualidade das comidas, dos temperos. Todos falamos da avó e da neta dançando no telhado. Fátima e Denise do espaço que a mulher podia ocupar naquela época, espaço tão restrito e da dança como porta para a liberdade. Todos dissemos o quanto Amina era livre. Lenivaldo e Hélio destacaram a beleza do personagem do tio cego que é o guia de Amina. Falou-se sobre o amor do tio, se seria incestuoso ou não. A maioria achou que não.
E o enigma: com quem ficaria Amina? Com Abraão, para quem Amina dançou a dança proibida, cujo casamento destruiu ou Chafic, o homem idealizado, o que existe e não existe?
Depois da discussão todos concordaram que o livro era belíssimo, acho que até quem não leu, como Angela, mulher de Lenivaldo ou Felipe, que não terminou.
Mas Felipe ressaltou que todos já eram leitores preparados para ler um livro fora da zona de conforto, com uma sintaxe diferente.
Pausa para o café. A lareira crepitava e uma chuvinha tornava a sala envidraçada ainda mais bela.
Então começamos a discutir Um Bonde Chamado Desejo. Felipe nos contou que foi sua primeira prova de teatro, que era seu autor preferido e nos explicou que as indicações supérfluas eram maravilhosas pois apesar de não entrarem em cena, guiavam os sentimentos do diretor. Os dois livros se tocam pois o tema, afinal é o desejo. Já começando pelo título, que na verdade era um bonde concreto que levou Blanche ao encontro da sua última destruição. Desenrolamos o livro como um maravilhoso pergaminho. César nos contou que era o primeiro livro com texto de teatro que lia e que ficou fascinado. Todos comentamos o quanto o final era duro, como era triste, ah, mas antes Felipe quase foi linchado, pois ao estilo Nelson Rodrigues disse que toda mulher gosta de um brutamontes como o Stanley! Discutimos se houve um estupro ou não e relemos o final para afirmar sim, houve, o foi o que acabou de fazer com que Blanche atravessasse o último fio que a separava da loucura. Denise, como psicóloga nos trouxe ótimas confirmações.
E deixamos marcado o próximo encontro para o dia 4 de outubro com o livro Xogum e alguns haicais japoneses ou não. Escolhi um livro daqueles, como disse o Fernando, que se atracam com o leitor, grudam em sua pele, imobilizam o leitor em sua trama.
E o grande prêmio do nosso encontro : um almoço no Babel Restaurante do meu filho André Murray, maravilha das maravilhas.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

CAMINHO DA ROÇA

Amanhã saio de madrugadinha. Caminho da roça. Vou ao encontro da minha neta, meu neto, meus filhos e minha irmã e cunhado. Minha família. Recebo em minha casinha dentro da mata em Visconde de Mauá, o nosso Clube de Leitura da Casa Amarela! Faremos nosso encontro com a lareira acesa pois já sei que o frio é imenso!!! Vamos discutir Amrik da Ana Miranda e Um bonde chamado desejo do Tenesse Williams.
Sonho com o cheiro da mata, em Mauá assumo a minha essência de árvore .
Volto dia 30, se conseguir pescar o Wi-fi do restaurante do meu filho, o Babel, escrevo de lá.

sexta-feira, 18 de julho de 2014

MANO A MANO

 Hoje dou a voz a um corresponde do Uruguai em Israel que faz parte de um movimento de paz. É esclarecedor. São os religiosos fanáticos que estão no governo dos dois lados que não querem a paz:


Judíos y árabes, israelíes y palestinos nos negamos a ser enemigos
Hemos sido secuestrados, ambos pueblos somos rehenes de los extremistas de ambos lados

QUIQUE KIERSZENBAUM 17 JUL 2014 - 20:50 CEST5


El martes primero de julio, camino al cementerio de Modi'in, miles de israelíes acompañaban los cuerpos de los tres jóvenes secuestrados y asesinados: Gil-Ad Shaer y Naftalí Frenkel, de 16 años, y Eyal Yifrach, de 19. Después de ver las dolorosas imágenes de sus padres despidiéndolos, decidí tomarme un pequeño descanso en el trabajo.

Era el primer día de vacaciones de mi hijo y lo llevé a comprarse unas botas de fútbol como los de Neymar, Gastón Ramírez, José María Giménez y muchos más. Las noticias en nuestra casa invaden cada rincón y me esperaba una larga noche de trabajo. Él se merecía un rato conmigo y también con sus botas, dado el esfuerzo de un año de clases. Así que calculé el tiempo para poder seguir la cobertura desde la televisión y viajamos al centro de Jerusalén. Para quien no ha visitado nunca esta ciudad, el centro consiste en unas cuantas cuadras en forma de triángulo.

Con las nuevas botas en la mano marchábamos por la peatonal Ben Yehuda cuando comencé a captar a lo lejos mucho más movimiento del común: coches de la Policía, policías a caballo y muchos israelíes ultranacionalistas religiosos. Los instintos prendieron luces rojas, pero era nuestro camino.

Al llegar a la plaza Zion, nos vimos envueltos por grupos de decenas de personas, en su mayoría jóvenes, que cargaban pancartas y cantaban "muerte a los árabes" mientras marchaban camino a la ciudad vieja de Jerusalén. No era una manifestación, eran grupos de personas que coreaban sin cesar, una y otra vez, esas palabras cargadas de odio. Traté de evitarlos y cruzamos la calle pero era imposible; el fluir de la gente no cesaba. Unos entraban en negocios, buscando trabajadores palestinos, otros simplemente no paraban de cantar. Me llené de preocupación y de dolor. En las calles de Jerusalén las masas pedían venganza, querían revancha. Daba miedo.

Si bien en mi bolso cargaba con cámaras, el instinto de padre se sobrepuso al profesional. Le tomé la mano a Guil y por una calle lateral lo saqué del centro de la ciudad. Para un niño que crece con árabes en su escuela todo esto disparó miles de preguntas, algunas de las cuales no me atreví a contestar.

Mientras mi mano sostenía con fuerza la suya para transmitir seguridad, mis pensamientos volaban e intentaban interpretar como sus compañeros de clase y sus familias estarían viviendo estos momentos.

Es que mi hijo Guil va a la escuela Mano a Mano, una escuela en donde judíos y árabes estudian y crecen juntos en la ciudad de Jerusalén. Una escuela en la cual el idioma hebreo y el árabe se enseñan como primeras lenguas y además dan espacio al estudio de las culturas y las narrativas de ambos pueblos. En torno a la escuela los padres han creado una comunidad que vive, a veces, en una burbuja necesaria en una ciudad donde el fanatismo y el odio se apoderan de cada rincón.

Después del brutal asesinato de Mohammed Abu Khdeir, decidimos reunirnos, mientras las bandas de ultranacionalistas buscaban sembrar más odio y más violencia necesitábamos estar juntos. Queríamos tomar decisiones operativas, pero también dar el espacio necesario para manejar los miedos, que eran muchos. Como judío y miembro de la comunidad me es claro que el rol que tenemos en estos momentos es con nuestra presencia aliviar, aunque sea un poco, esos miedos, reforzando ese pacto que hicimos cuando decidimos que nuestro hijos crezcan juntos.

Pero las hordas violentas hacían eco de los vientos de guerra que venían del sur en Gaza, en donde una vez mas esta guerra sin fin daba otro golpe, y se apoderaban de la ciudad.

Por eso decidimos marchar juntos, retomar los espacios públicos, caminando sin banderas ni pancartas y con la convicción de que ahora más que nunca, nosotros los miembros de la comunidad Mano a Mano, judíos y árabes, israelíes y palestinos nos negamos a ser enemigos.

Ayer marchamos una vez más, mientras las noticias sobre los cuatro niños muertos en las playas de Gaza por fuego israelí congelaban el corazón y no dejaba pensar en forma clara, nosotros marchamos, porque no permitiremos que la retórica de guerra, los misiles y los cohetes, las victimas y los heridos nos transformen en enemigos. Solo conviviendo, dialogando aprendiendo uno del otro y aceptándonos podremos llegar a una verdadera paz.

Hace tiempo que se habla de una tercera intifada. Soy de los que cree que en ambos lados se ha aprendido sobre el alto precio que se paga en vidas cuando sólo las armas hablan. Sin ningún canal de diálogo, los hechos de los últimos días abren un nuevo capítulo violento que pone en peligro la frágil estabilidad de la zona.

Sin un acuerdo de paz que busque una solución justa para ambos pueblos, que les permita vivir en paz y en seguridad y que termine con la ocupación israelí en Cisjordania, la violencia volverá, siempre. Un cartel que circula en las redes sociales anuncia: "Hemos sido secuestrados, ambos pueblos somos rehenes de los extremistas de ambos lados, Israel-Palestina 2014".

Quique Kierszenbaum es fotógrafo, videógrafo y periodista uruguayo. Corresponsal de Televisión Nacional de Uruguay en Medio Oriente. Twitter @Quique_K

quinta-feira, 17 de julho de 2014

CRIANÇAS PALESTINAS

Ontem vi e ouvi crianças palestinas da Faixa de Gaza pedindo paz.
Governantes não são humanos. Matam e matam, de uma forma ou de outra, quando roubam ou desviam dinheiro ou superfaturam obras que caem, estão matando. Onde fica dentro deles o olhar para o outro, a compaixão? Onde fica o UBUNTU? Eu existo porque você existe.

quarta-feira, 16 de julho de 2014

ESPERANDO VISITA

Esta casa aberta para os ventos e o mar adora receber visitas. Este final de semana recebo uma amiga querida de Joinville, irá para o encontro do Clube de Leitura na montanha. Recebo um casal de amigos-irmãos e a casa estará lotada, cheia de vozes e histórias contadas, não ao pé do fogo, mas dentro da música do mar, que nunca se apaga.

Uma questão que nunca me sai da cabeça: como as crianças interpretam o mundo?  O que é fantasia e o que é real se misturam e para eles o mundo ainda é mágico. Falam sozinhas, interpretam personagens , gostam de se fantasiar. Sou muito privilegiada : escrevo poesia para crianças

Tomar café ainda no escuro, às 5h e ver o dia acordando neste lugar tão belo, é uma das melhores coisas da vida.

terça-feira, 15 de julho de 2014

CANAL FUTURA

Acabo de voltar da gravação do programa que vai ao ar no Canal Futura no ano que vem. É uma série de seis programas e a Roda de Leitura aconteceu na biblioteca da E.M.Gustavo Campos aqui em Saquarema. Foi um encontro maravilhoso com a meninada,pura emoção. Fizemos a Roda com meu livro Poço dos Desejos da ed. Moderna e tudo terminou com um abraço coletivo. A professora Paula faz um belo trabalho com eles , pois leram magnificamente os meus poemas.  Estou em estado de pura felicidade.

segunda-feira, 14 de julho de 2014

FINAL DA COPA-FIM DA FESTA

A Alemanha nos deixa uma linda lição: o trabalho contínuo ao longo do tempo feito com alegria. Quando levava meu filho Guga para as aulas de violão com a Celia Vaz na sua infância, na parede da sala da Celinha havia um cartaz com uma frase do Stravinsky que dizia mais ou menos assim: O talento é o exercício de um dom. A Alemanha investiu pesado na formação dos seus atletas e é isso que há que fazer com todos os esportes. Teremos as olimpíadas e vamos ver quantas medalhas de ouro o Brasil vai conseguir. Atletas no Brasil sofrem por falta de apoio. Esporte, arte e leitura salvam vidas. Meninos deixariam de entrar no tráfico por ter a vida vazia, só isso já bastaria para que o governo, como fazem na Alemanha, investisse de verdade nas escolas, numa educação que fosse bem além da sala de aula.
Eu tento formar leitores principalmente conversando com os professores. Um professor leitor irá pensar a sua aula com mais criatividade e alegria. Mas o trabalho com leitura tem que ser diário e contínuo. Acumulativo. As festas são a explosão de alegria do que foi feito ao longo do tempo.
Amanhã vou gravar para a TV Futura uma roda de leitura na E.M Gustavo Campos aqui em Saquarema. Confesso que estou um pouco assustada, pois não conheço as crianças e vamos fazer uma roda com poesia e seja o que Deus quiser. Tomara que eles façam bonito.Será tudo sem nenhum ensaio prévio, nem mesmo tive um encontro antes com eles. Haja frio na barriga!  

domingo, 13 de julho de 2014

O QUE FICA?

Depois do desastre da nossa Seleção devemos nos perguntar: O que fica desta Copa além dos estádios? E muitos nem foram terminados. Os transportes melhoraram?  O trabalhador continuará perdendo horas num ônibus cheio, num trânsito caótico, para chegar ao trabalho. Os hospitais melhoraram? Construiram novos hospitais? A educação melhorou? Os professores finalmente irão ganhar um salário digno?
Se a Seleção brasileira tivesse chegado até a final e hoje fosse a Campeã,pelo menos haveria uma felicidade coletiva correndo pelas veias do país e demoraríamos mais para nos perguntar: O que fica?
Tanto dinheiro foi gasto e tanto há para se fazer, que gastar menos bilhões para investi-los em bens de verdade teria sido muito mais razoável. Fica cada vez mais difícil sonhar com um Brasil com menos injustiça, com mais equilíbrio entre as classes sociais. 

sábado, 12 de julho de 2014

CHUVA E LUNA

Choveu a noite inteira, até dentro do meu sono. Luna, minha gata persa que já tem 14 anos, tem um apartamento fora da casa, pois não suportou a companhia da Nana, nossa gatinha branca e preta. Ela dorme fechada, pois tenho medo de gatos de fora. Ela tem a sua caminha que ama, escondida ao lado da máquina de lavar, sua comida, sua areia, é um apartamento completo no jardim.Hoje, quando abri a porta às 6 horas, chovia e ela olhou para mim, muito mau humorada e fez um discurso imenso, na verdade me deu uma bronca e tanto, como se eu fosse a responsável pelo tempo. Argumentei, mas claro, gatos não aceitam argumentos humanos. Está bem Luna, vou encomendar o sol!

sexta-feira, 11 de julho de 2014

BISTRÔ FRANCÊS

Meu filho André vai abrir um bistrô francês em Resende e tem alguns amigos franceses que dão um apoio para escolha de músicas, cartazes, etc. Fiquei tão entusiasmada que fiz um poema em francês para o bistrô . Meu francês escrito está esquecido e enferrujado, mas não sei como, as palavras chegavam. Não tenho com quem falar e ainda bem que tenho o canal francês que vejo por uma hora todos os dias religiosamente. Perder uma lingua que a gente adquiriu com estudo e esforço é muito triste e não gostaria que isso acontecesse outra vez, pois já falei hebraico fluentemente e não sei mais nem uma palavra ou apenas umas duas, eu te amo, eu sei falar. Estudei 5 anos de hebraico quando criança.
E por falar em hebraico que horror toda esta guerra. Mas por que não fazem logo um Estado Palestino, com meia Jerusalém para cada lado? Que estúpidos são os políticos que nunca quiseram a paz, dos dois lados.
Só a paz constrói e os escombros que no noticiário enchem nossos olhos são a paisagem mais estéril e aterradora.
Como judia tenho vergonha de todas estas mortes.
 

quinta-feira, 10 de julho de 2014

DUAS CASAS

Conheci Elvira Vigna na década de 70. Ela tinha alguns livros maravilhosos publicados e eu tinha um original no bolso.Ela gostou, ilustrou sem me pedir nada em troca, uma ilustração lindíssima em preto e branco e consegui publicar o Fardo de Carinho em 1980. Nesta época eu ainda morava em Visconde de Mauá.
Depois fizemos muitos livros juntas. E outros livros nos separaram. Agora voltamos a trabalhar juntas outra vez. E depois do e-book que está no meu site, veio o Carteira de Identidade e Cinco Sentidos e Outros. Agora ela faz um texto novo que sairá pela Lê Editora no ano que vem, o Duas Casas e estou radiante.
Trabalho quietinha e sem cessar. Às vezes me sinto uma aranha tecelã. Tenho sempre algo em gestação.
Sempre me perguntam: o que te inspira? Tudo. Escrevo a vida. Escrever a própria vida me ajuda a viver. 

quarta-feira, 9 de julho de 2014

CANAL FUTURA

Hoje de manhã me telefonaram da E.M Gustavo Campos daqui de Saquarema com uma linda notícia: A Escola foi muito bem avaliada no IDEB e o Canal Futura foi até lá para saber os motivos. Dentre eles, as Rodas de Leutura que eu impalntei na Escola em 2002 junto com a Secretaria de Educação. O Canal Futura quer então gravar uma Roda de Leitura e quer que eu seja o Leitor-Guia. Estou orgulhosa e radiante.
Propus meu novo livro Poço dos Desejos e se a minha ideia for aceita ficarei mais feliz ainda. A gente planta uma semente e tantos anos depois a árvore cresceu e dá frutos. Plantamos uma paineira tão pequenininha lá em Visconde de Mauá, na descida para o gramado, em 1979, eu acho. Hoje é uma árvore gigante e enche nossos olhos de flores cor-de-rosa e o gramado fica lindo, todo salpicado. Toda semente contém vida. 

segunda-feira, 7 de julho de 2014

ANJO DA GUARDA

Juan arias escreveu um livro sobre os anjos. São figuras antiquíssimas. Amo os anjos pela sua beleza, por serem alados, pela sua poesia. Acho que cada humano é o anjo de alguém. E tantas vezes, em meio a dificuldades imensas , um anjo apareceu para me ajudar. Também adoro a ideia de ter um anjo da guarda, cada humano com seu anjo.
Outro dia meu neto Luis disse que sonhou com seu anjo da guarda e que ele afastava os pesadelos.
Quando eu era criança , não gostava de comer,e tecia , na frente do prato, a fantasia de que meu anjo da guarda viria comer por mim!  
Tenho muitos limites físicos, são tremendos e me impedem de fazer as coisas mais simples. Desde 1993, quando operei a coluna e a cirurgia não deu certo, a minha vida é um aprendizado constante de lidar com os limites e a dor. Para mim os anjos são muito necessários, é uma questão de sobrevivência. Eles me ensinam que apesar de todos os limites eu posso voar .

domingo, 6 de julho de 2014

O VENTO

Em Saquarema o vento tem voz: os sinos tocam na varanda, os coqueiros e as palmeiras cantam com um som bem grave e o mar faz a base com seu vai e vem e explode ou não explode. Não tenho vontade de falar. Eu me sento na varanda e me entrego ao vento. Deixo que desarrume meus pensamentos,que me traga os cheiros do sal e da terra, dos amigos distantes.

sexta-feira, 4 de julho de 2014

ESCOLHAS

Nossa vida é um percurso sinuoso feito de escolhas e acasos, esquinas e às vezes ruas que parecem sem saída até que conseguimos abrir suas portas com um poema ou uma palavra mágica.

ESCOLHA

Como escolher o caminho
e onde passar o rio,
e o salto que nos fará
mais humanos,
mais bailarinos?

Há uma voz que diz:
Confie.

in Cinco Sentidos e Outros, ed. Lê

quinta-feira, 3 de julho de 2014

DE QUE SERVE?

De que serve o passado? Não posso ficar presa em sua teia , isso é perigosíssimo, pois me impediria de viver o presente. Mas o passado é lastro, substância, raiz, para que eu possa viver o presente e então construir um passado contínuo, já que o presente, um segundo depois já é passado.Mas desconfio que o verdadeiro passado, a verdadeira pátria seja a infância. Tenho que carregar a menina que fui com cuidado, pois nela meus sonhos já estavam embutidos, ela é um cristal e um talismã. Tenho que carregar a casa, e às vezes alguns sons são o fio que me conduz até ela, um latido de cachorros ao longe, vozes de crianças, cantigas de rodas, pois havia um orfanato em frente. E escuto as vozes e saber que isso existiu, eu estive aí por tantos anos, me forra por dentro.
Tudo o que vivi, tudo o que vivo, uso em meus poemas. Minha memória, minha vida, é a matéria prima que utilizo. Tudo o que li, tudo o que sonhei, imaginei, me ajuda a construir um poema.

quarta-feira, 2 de julho de 2014

POÇO DOS DESEJOS

Recebi meu novo livro POÇO dos DESEJOS, ed. Moderna. Somos seres desejantes. Mas possuir desejos que incluam a felicidade do outro produz mais felicidade do que desejos egoístas. É um fato comprovado pela neurociência. Li sobre a seguinte experiência: um número de pessoas recebeu uma quantidade X de dinheiro para gastar apenas consigo. Outro número de pessoas ganhou a mesma quantidade de dinheiro para gastar realizando desejos de outros, por exemplo, uma viagem a um sobrinho, um curso de línguas para um amigo, etc. A felicidade do primeiro grupo foi muito menos duradoura do que a do segundo grupo. Isso pode ser medido pelas áreas envolvidas no cérebro.
Foi maravilhoso fazer o livro. Busquei meus próprios desejos, perguntei para muita gente sobre seus desejos. Gosto das ilustrações do Samuel Casal.Já experimentei os poemas com uma turma do Café, Pão e Poesia (meu encontro com leitores de escolas públicas aqui em casa) e foi divertidíssimo, foi ótimo.
Meu amigo Maurício Leite está profundamente envolvido com o livro, pois foi quem me deu a ideia com sua exposição de brinquedos onde havia um poço dos desejos. Eu amo o Maurício, quase nunca nos vemos, mas não é necessário, há um fio azul que liga nossos corações e faz uma estrada por onde a amizade caminha.

Vai um poema do livro:
DESEJO DE SER OUTRA PESSOA
Este é um desejo bem esquisito
mas existe.
Às vezes, exausta de mim,
queria ser outra pessoa
com outro rosto, outro corpo,
mas principalmente
outros talentos.
Se não sei dançar, a outra saberia,
se não sei nadar e não toco nenhum
instrumento,
a outra saberia.
Sendo medrosa, a outra seria
corajosa,
se não sei andar de bicicleta,
a outra andaria.
Se não sei costurar nem bordar
e a minha roupa anda sempre desarrumada,
a outra seria elegante.
E de trás pra frente, de frente
pra trás,
tudo seria diferente.     

terça-feira, 1 de julho de 2014

CHEGADA

Chegar em casa é uma maravilha. A casa nos acolhe, os objetos , onde depositamos tanto amor. Nana e Luna, as gatas, me receberam emocionadas. Ainda estou gripada, muitos dias de gripe, ainda estou cansada.
Esta casa é um moinho, de ideias, de amigos, de poesia. Agora tocam a campainha, uns jornalistas espanhóis chegam para entrevistar o Juan.
A temperatura é paradisíaca, o mar está lindo. Enfim, cheguei.