sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

MARCA D'ÁGUA

Começo a reler Marca D'água de Joseph Brodsky para o encontro do Clube de Leitura da Casa Amarela. Estou possuída pela sua beleza em estado absoluto. Cada parágrafo mexe com todos os meus sentidos.
Marca D'água é Veneza em preto e branco. É a noite líquida, transformada em água.Marca D'água é o poeta que nos leva pelas ruelas dos seus pensamentos. Alguns poetas são generosos e nos lembram quem somos e onde fica a nossa terra natal.

Ainda há silêncio em Saquarema nestes últimos momentos que antecedem o carnaval. Sou completamente apaixonada pelo silêncio e suas nuances. Sei o quanto vou sofrer. A invasão. Gente que chega de todos os lados.

Andei hoje 15 minutos na rua. Na volta fiz um pão. Quando faço pão evoco para mim mesma a história de uma belíssima amizade. Aprendi a fazer pão com a Dona Maria do Vale do Pavão, em Visconde de Mauá. Uma camponesa calejada pela vida tão dura que lhe coube e que dizia as coisas mais lindas e filosóficas e poéticas , ali, naquela cozinha de uma casa de roça, o fogão de lenha sempre aceso, de onde ela retirava fornadas e fornadas de pão. Quando Seu Elói , o marido, estava presente, enquanto enrolava o cigarro de fumo de rolo, contava casos que nunca tinham nem começo nem fim.
Ela me ensinou a fazer pão e a caçar felicidade. Nas mínimas coisas. Sou muito grata. 

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