segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

GOSTO NÃO SE DISCUTE

Saquarema, onde vivo, em seu cotidiano, parece uma ilha deserta. É tudo o que amo. Silêncio. As coisas acontecem num tempo antigo, com calma. Vivo imersa no som domar, como se morasse dentro de uma concha.
Mas nos feriados tudo se transforma . Há muita gente, vizinhos que deixam o som altíssimo dia e noite, mercados superlotados e até o sol fica mais quente. É outra cidade. Dá vontade de fugir. E fujo mesmo.
Não consigo, nunca pude, participar da alegria do carnaval. Cada um tem a sua natureza e simplesmente sou incapaz. Então eu fujo e me escondo.
Lá na minha casinha dentro da mata na Mantiqueira, só o som do riacho que corre , invisível, ao lado. Só o som dos pássaros, grilos, sapos, corujas, jacus. Só a conversinha das árvores com o vento. E a música da chuva e a música que quero ouvir e às vezes o crepitar do fogo.
Mas gosto não se discute e para milhões de pessoas a maravilha é o que vem por aí, dias e dias de alegria coletiva.
Quando todos vão embora da nossa cidade, deixam toneladas de lixo. E a cidade leva um tempo para se recuperar da invasão. Quando nós humanos aprenderemos a delicadeza?

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