segunda-feira, 9 de maio de 2016

OGUM E MARIA MOURA

O encontro de sábado do Clube de Leitura da Casa Amarela  foi cheio de ausências e uma presença inesperada.
Dez pessoas faltaram por motivos alegres, trágicos e tristes.
Mas uma pessoa chegou de muito longe e de surpresa.
O Clube é um barco que ondula com gente maravilhosa.
Dr.Messias, meu médico e amigo e irmão há mais de quarenta anos, é um leitor voraz e magnífico e veio do Rio.
Cristiano Mota Mendes, Ronaldo Mota e Ana Amorim, vieram do Rio também. Cristiano é um dos maiores conhecedores de Guimarães Rosa, um leitor absolutamente apaixonado. Seu ofício é ler, embora seja ator e músico. Ronaldo é músico, Ana, bibliotecária e cantora, dona de uma voz lindíssima.
Cris e André vieram de Niterói.. São leitores , Cris é advogada e agora vai dirigir um Clube de Leitura. São novos do grupo.
Delma, professora e orientadora pedagógica veio de São Gonçalo.
Gilcilene, contadora, se descobriu leitora no Clube, e hoje não vive sem ler, trabalha em Saquarema.
César,contador, que tem o coração do tamanho do sol, Bruna, professora em Saquarema, Chico, meu amigo querido, poeta sensível e advogado e vereador , Denise, psicóloga, Adelaide, professora amada pelos adolescentes. Todos vivem aqui.
Começamos com a pergunta instigante de Cristiano para o livro da Rachel de Queiroz:
___ Quem é Maria Moura?
Falamos sobre toda a complexidade desta mulher que se vestia de homem, que atuava como um homem, naquele nordeste tão machista e dos coronéis. Ela era um coronel com seus jagunços.
Mas o que a movia? O que movia seus atos, roubos, assassinatos,? Que mulher era essa?
Esmiuçamos isso, escavamos o seu passado e encontramos tantas contradições em Maria Moura. Ela gostava de dominar. Mas também gostava de ser dominada.
Messias, como médico, disse que era uma perversa.
Adelaide e Gil lembraram que ela agia como homem, mas quando se apaixona, vira uma mulherzinha e desmonta.
Cristiano lembra que o único lugar onde Maria Moura era ela mesma, era no seu cubículo. Ali era o seu lugar de prazer e dor. Ali contava o seu ouro, ali gritava a sua dor.
Eu disse que sinto pouca profundidade nos emaranhados sentimentos de Maria Moura. Há uma barreira que não deixa o leitor mergulhar. Fizemos um paralelo entre Maria Moura e Diadorim e a diferença é gritante. Guimarães Rosa nos deixa penetrar na alma de Diadorim. Cristiano sublinha: é a linguagem de Guimarães que permite isso.
Concordamos que o personagem mais bem resolvido e muito bonito e comovente é o padre.E o casal de saltimbancos também é belíssimo.
O livro, achamos, tem pontos altos e algumas possibilidades que deixaram de ser exploradas.
Mas concordamos também que o romance é muito bem estruturado e que tem um final magnífico, em aberto.
Passamos para o Compadre de Ogum de Jorge Amado. Frisamos que o contraste desses Brasis, a secura do Ceará e a umidade sensual da Bahia, é gritante.
E achamos por unanimidade que é o melhor livro dele! Alegre, brincante, irreverente, engraçadíssimo, delicioso, aborda o sincretismo de uma maneira fantástica. Deveria ser lido por gente de todas as religiões. Sua escrita é bela, poética, deliciosa.
Então alguém disse: _ Tem um moço ali no portão.
Fui ver e achei que estava delirando. Meu amigo, poeta, escritor e psicanalista William Amorim, chegou de surpresa de São Luis do  Maranhão. Perdeu o ônibus no Rio e chegou atrasado.
Então tínhamos quatro maranhenses num grupo de quinze pessoas: ele, Cristiano, Ronaldo e Gilcilene!
Ronaldo e Ana cantaram. Cris e André trouxeram livros para sortear. Chico leu seu novo poema.
O almoço era de comidinha mineira  .
A alegria era um cavalo solto no vento, era Pégaso  galopando no azul.

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