quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

FELICIDADE E JULGAMENTO

Hoje me deparo com um post publicado no facebook:

" Vivemos em um mundo onde somos julgados por tudo . Até por tentar ser feliz. "

Leio inúmeros artigos sobre as redes. Estamos nos expondo continuamente. Queremos ser lidos e vistos e aplaudidos. Dividimos nossas vidas com desconhecidos. Antes éramos julgados pela família e por um número muito restrito de conhecidos. Hoje a nossa rede se ampliou de uma maneira que nunca poderíamos imaginar . Acontece que em cada tempo estamos imersos em nosso tempo.Não dá para fugir disso. É bom ou ruim vivermos conectados desta maneira a tantos gente que não conhecemos? Não sei dizer. Nem temos distanciamento ainda para saber. É tudo muito novo. Sei que quando publico um poema inédito imediatamente sou lida por 100 pessoas, no mínimo. E sim, sou julgada. Quando escrevo algo que penso, sim, sou lida e julgada.É um risco.
A felicidade é outra questão complexa. Como definir a felicidade? É alegria, sensação de plenitude, desejos realizados? Como ser feliz neste mundo terrível, que parece às vezes um beco sem saída? Tenho direito de ser feliz enquanto milhares de pessoas vagam por aí fugindo de guerras?
Então, o que se faz para que esse julgamento não nos afete? Para que nossa busca prossiga já que a vida dos humanos é tão breve?  E já que faz parte do humano desde sempre buscar a felicidade, buscar o voo?
Penso num livro do meu escritor espanhol predileto Antonio Muñoz Molina, "Ardor Guerrero". Amo de paixão este livro. O autor está servindo o exército. Para sua sorte sabe escrever à máquina, então pode trabalhar num escritório, o que o salva de milhares de humilhações. Mas sobram algumas. Muitas vezes um sargento terrível entra no escritório, espalha papéis e terror, xinga, acaba com a auto estima dos dois. Ridiculariza cada um deles em suas incapacidades.  E seu amigo, o que trabalha junto com ele, que também é um apaixonado por literatura e consequentemente não cabe no exército, não se abala. Molina quase morre , quando o sargento sai ele está tremendo da cabeça aos pés. Então pergunta ao amigo como é que ele faz para não se deixar aniquilar. O amigo responde :
"_ Te cagas".
Assim, com a maior simplicidade. Você pensa: e daí?  que me importa?
Se não estou fazendo mal a ninguém não vou deixar que isso me afete. A minha consciência será sempre o meu juiz.  Em tempos de rede social temos que ter clareza em nossas buscas.                                                                        

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