sexta-feira, 30 de junho de 2017

SAQUAREMA

Esse ano completo 15 anos
de Saquarema.
Viemos morar aqui por puro acaso.
Minha mãe tinha uma casinha aqui desde 1970.
Um dia, trouxe Juan para conhecer a cidade.
E ele, que conhece o mundo todo, pois viajou com Paulo VI e João Paulo II como correspondente, ao descer do ônibus, olhou para todos os lados, suspirou e disse:
- Achei o meu lugar.
Então um dia viemos. Com as gatas, o computador, uma mala de roupa. Da noite pro dia, - Vamos? E viemos e construímos uma casa .
E todos os dias me assombro com a beleza e a qualidade do silêncio.
Nos dias em que tenho pilates caminho no mar.
E depois do pilates venho tomar meu pingado no Marisco na beira da lagoa.
Saquarema é uma aldeia. Um povoado. Pena que tenha carros.
Nos outros dias caminho por dentro. Adoro a Saquarema de dentro.
Abro a minha casa e meu coração para as escolas, os leitores, os amigos.
E assim a poesia acontece.

quarta-feira, 28 de junho de 2017

UM JORNAL INCRÌVEL

Ontem recebi de Domingo Gonzalez um exemplar de um jornal feito por crianças de 10 anos.
É o informativo do Instituto Rogerio Steiberg, que trabalha com crianças superdotadas mas sem recursos.
O jornal é incrivel.
Conversei com a jornalista que faz o jornal com as crianças sobre temas da atualidade do Brasil e do mundo.
Ela fez parte da minha infância, se chama Rosa Cass, tem 91 anos e me diz: " Hoje a minha mente é tão aberta que dá até medo"
Quando eu era criança ficava extasiada com o seu conhecimento.
Ela me conta que ensina seus pequenos redatores a discutir sem brigar, a fundamentar as suas opiniões, a respeitar sem desqualificar as opiniões dos outros.
Ganhei um poema na revista.
E fiquei louca de vontade de conhecer essas crianças.

terça-feira, 27 de junho de 2017

DE ITALVA, R.J

Uma escola veio de longe: Escola Municipal Glycério Salles, da cidade de Italva. Quase cinco horas de viagem até aqui, para o nosso Café, Pão e Texto.
Mas como descrever a magia que se derramou sobre todos nós desde o minuto em que o ônibus encostou em nossa porta?
Uma Professora, ao me abraçar na chegada, me diz: - Estamos realizando um desejo antigo.
E recebi presentes da roça: doce de figo,
geléias, queijos, kibe (Italva é a cidade do kibe!), uma almofada com meus poemas, avental de cozinha, com meus poemas e um cofre de mármore também com meus poemas! Ganhei também uma orquídea.
Fizemos brincadeiras com os poemas. Rimos e dividimos a felicidade deste encontro.
Alguns alunos disseram alguns poemas de cor.
As crianças correram pelo jardim.
E arrumamos as mesas pro almoço como se fosse um restaurante! Todos ajudaram, alunos e professores.
Vanda Oliveira , Aline De Oliveira Oliveira e Samuel, meus anjos, foram incansáveis.
Samuel acendeu o fogão às 7h da manhã e às 12.30 comemos a feijoada mais perfeita do planeta Terra. Éramos 37 pessoas!
Servimos canjica de sobremesa.
Depois fomos até o mar. Muitos não conheciam o mar!
E então, sessão de autógrafos. E beijos.
Devo dizer que os alunos eram maravilhosos. Fruto da dedicação de professores maravilhosos.
E como hoje contei a história da Sherazade para eles, a minha sensação agora é a de estar voando num tapete voador.
Agradeço a presença da Secretária de Educação de Italva Vera Lane Rodrigues e das professoras absolutamente maravilhosas e amorosas:
Elane, , Marley, Virginia, Eliane, Vivian, Elisângela,Leila, Si Lopes e Jussara.
E esse lindo dia ficará guardado para sempre em nossos corações.
Juan Arias falou espanhol com as crianças e elas amaram!!!
Vamos fazer uma campanha pelo ensino de espanhol nas escolas municipais?
Criança adora aprender línguas.

segunda-feira, 19 de junho de 2017

NO JAPÃO

Ontem vi um programa sobre a sexualidade e afetividade no Japão.
Fiquei muito impressionada.
Noivas que se casam sem noivo. Para sentir a experiência. Mas o que faz sentido em dupla, transforma-se numa pantomima triste e surreal.
Namorados de aluguel. Mas não para fazer sexo e sim para andar de mãos dadas, tomar sorvete juntos, enfim, o que faria um namorado na década de 50.
Amantes que são bonecas perfeitas de silicone.
Casas de encontro que não são bordéis, mas o cliente paga apenas para estar perto de uma mulher, vestida como heroína de mangá, paga para deitar por alguns minutos a cabeça em seu colo.
Japoneses não tocam ou beijam. Mas o que foi focalizado é gravíssimo.
Na era virtual não conseguem mais comunicar-se realmente, cara a cara com outro humano. Sabem mover-se apenas no mundo virtual, apenas dentro dos mangás.
Diz o programa que a natalidade está diminuindo assustadoramente.
Um francês faz festas para favorecer encontros entre franceses e japoneses, já que os franceses ainda possuem a capacidade de se relacionar. E realmente já conseguiu juntar alguns pares.
Não sei a extensão do problema realmente. Mas se o que vi for verdadeiro é apavorante.
Será esse o futuro da humanidade na era virtual?
O Brasil é um país muito complicado e estamos vivendo um tempo triste e difícil. Entretanto, ainda sabemos abraçar, beijar, fazer amor. Ainda sabemos nos tocar.

O MALUQUINHO DO JARDINS

Toda aldeia tem o seu maluquinho. Edésio é o maluquinho do Jardins ( Será que é politicamente incorreto falar maluquinho?)
O seu delírio é a política. Sempre querendo ser candidato a Senador pelo bairro. Sempre fazendo campanha, muito exaltado.
Todos o conhecem, ele anda sem parar e tem as portas de muitas casas abertas e do comércio também.
Juan sempre conversa com ele quando se encontram.
Hoje fomos ao correio e o maluquinho estava lá.
Juan perguntou:
- Como vai a sua candidatura a senador?
Ele respondeu muito sério:
- Larguei a política. A política virou uma palhaçada!
Dentro da sua loucura, do seu surto e delírio, ele percebe a nossa realidade, que não é a dele. Acho isso muito impressionante.
Ele tem toda razão.
A política brasileira atingiu um nível de horror tamanho que consegue se fazer perceber até por quem não vive em nosso mundo.

quarta-feira, 14 de junho de 2017

CONVERSA DE AVÓ E NETO

Hoje, no meio da caminhada, meu neto de 7 anos me ligou. Ele nunca me telefona.
Ele me disse que tinha duas notícias maravilhosas para me dar.
A primeira: estava fazendo um exercício para a escola com meu poema Quintal, do livro Casas.
Mas a segunda, ele me disse, era muito mas muito mais maravilhosa: Ele ia falar meu poema Casa de Amigo na frente da turma!!!
E eu disse: A maravilha é que você tem quintal e tem amigos!!!
Ele respondeu: Tá bem. Tchau!
E falando em quintal, a maravilha é que meus vizinhos trouxeram galinhas e dois galos para o seu quintal.
E todos os dias, na minha vigília bem cedinho de manhã, um galo canta e já entorna o amarelo do seu canto no meu dia e traz ( embutido nas suas notas musicais) o poema do João Cabral.

terça-feira, 13 de junho de 2017

DIA DE SANTO ANTONIO

Hoje é dia de Santo Antonio de Pádua.
O que sei do Santo:
Italiano, provavelmente gostava de comer bem e beber vinho, qual italiano não gosta?
Já fazia voto de castidade, instituição a meu ver nefasta, decidida num Concílio, no Século III em Granada,
para nào dispersar os bens da Igreja. Apesar do voto de castidade é um Santo Casamenteiro .
E mais não sei.
Hoje é feriado em Saquarema e começamos o dia com uma longa e bela caminhada até a Padaria da Ponte para tomar aí o café da manhã e depois nos sentamos num carramanchão na frente da lagoa.
Havia revoada de pássaros e gaivotas.
E uma garça tão branca e solitária caminhava sobre as águas.
Quero dar essa garça de presente ao meu amigo amado, meu irmão Hélio Nicoletti que faz anos hoje.
Hélio, o voo da garça é teu e dos meus leitores. Façamos deste voo a nossa estadia na Terra.

quinta-feira, 1 de junho de 2017

CONSUL HONORARIO

Juan Arias me conta: morou 40 anos na Itália, em Roma, mas escolheu Veneza como a sua cidade do coração. Pergunto: Quantas vezes já veio aqui? Umas 100 vezes? Ele me diz: Em 40 anos, umas 200 talvez.
Veio convidado como jornalista para grandes eventos e sua paixão pela cidade é tamanha que Felipe Gonzalez lhe ofereceu o posto de Cônsul Honorário. Não pode aceitar, pois não havia remuneração e ele precisava trabalhar para viver.
Mas a sua felicidade quando está aqui é monumental. Eu disse, estou com pena de voltar. Sentirei falta dos barulhos, dos canais, da língua, dos gondoleiros que passam levando um cantor na barca, dos cheiros de café e pizza,
de tudo.
Ele diz: Imagina eu.