quarta-feira, 18 de outubro de 2017

ÁFRICA

Na década de 80 li o livro Ségou, de Maryse Condé.
Uma aula magistral sobre como o Islamismo entrou na África. Matando, destruindo, aniquilando as religiões ancestrais.
Ou a conversão ou a morte.
Como fez o Cristianismo .
A África tem cicatrizes profundas por essa separação brutal de suas raízes.
É impressionante o horror que o fundamentalismo é capaz de semear. Deveríamos lutar com todas as forças contra o fundamentalismo que nesse momento assola o Brasil.
Nenhuma religião é dona de nenhum Deus.
Nenhuma religião tem o direito de sentir-se superior a qualquer outra. Nenhuma religião pode ditar as leis que regem um país.
O sagrado, o divino, é assunto particular e íntimo de cada um.
Se somos todos mortais e nenhum Deus pode nos salvar da nossa terrivel condição humana.
Faz muito tempo assistimos a destruição lenta de um Continente inteiro, que tem que lidar com a doença, a miséria, a fome, o terrorismo.
Faz tempo assistimos os naufrágios, o mar está cheio de gente que, arriscando a vida, tenta chegar a um destino melhor.
Mas parece que a África não interessa mais.
Tudo já foi roubado.
Então não causa espanto que a mídia não dê importância aos mortos africanos.
A África, berço da humanidade . Abandonada pelos donos do mundo.
Sempre me senti africana e quando estive em Abidjan eu me esquecia que era branca.
Pude constatar a delicadeza, a sutileza, o requinte da sua gente.
Há que chorar pela África . Já que somos impotentes.

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